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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

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A claridade persiste frouxa após o raiar do dia, depois da viagem até à aldeia do Souto. A rua deserta, com vestígios da queda da chuva durante a noite, não traz as pessoas ao ponto mais importante da aldeia. O local onde estão as histórias, a igreja, e o coreto. O conhecimento, a religião, o estrado erguido no pequeno largo. A cultura, e tradição, unidas como as amigas íntimas. O empenho dos antepassados da aldeia, a resiliência da biblioteca ambulante, a olharem a rua que não contém coisa alguma. O sol conseguiu forças para retirar o crepúsculo matinal, abriu a cortina, a janela do tempo, permite agora aos aldeões a visibilidade para rua. Duas mulheres encontram-se a falarem no centro do largo, distantes uma da outra, falam alto. O som das vozes ecoa no espaço, para se perder na escalada do ruído, do relógio da torre sineiro da igreja, a subir até às onze horas da manhã. O sol persiste na teimosia, demonstrando que existe, com os seus raios a alegrarem os dias das pessoas. Atrai-las para a biblioteca ambulante, aproximarem-se, roçarem o corpo na lombada gigante. Sentirem as vibrações das palavras, das escritas, das notícias, dos recados.