O sol continua a inundar o ...
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As nuvens passam devagar por cima da biblioteca ambulante, da minha cabeça, observando melhor, consigo avistar um avião apressado por cima destas. O rasto de condensação (nuvens que se formam pelo ar quente e húmido que sai dos motores) deixado é uma memória curta que fica no firmamento, diferente da lembrança das palavras, com que ficamos nas leituras que realizamos. As palavras cravadas nas páginas são eternas, ficam para sempre nas bibliotecas, nas colecções e textos impressos destinados aos leitores. Algumas passam por nós como as nuvens ou como os aviões, mas, há sempre possibilidade de as lermos novamente. Outras nunca as esqueceremos, a palavra mãe, a palavra pai, estejam onde estiverem, a palavra filhos, sempre presente, a palavra amigo, ao dispor quando precisam. A principal, a palavra mulher, o berço da humanidade, o ponto de partida, para crescermos, aprendermos, sermos pessoas, leitores, frequentando bibliotecas, o que quisermos ser. O sol continua a inundar o largo, o adro da igreja de Rio de Moinhos, a biblioteca ambulante, a primavera, outra palavra importante, começa a ganhar finalmente pernas para andar, as nuvens continuam a passar, vagarosas, têm tempo de chegar ao destino. O escritor também faz o mesmo a escrever as palavras nos alicerces do conhecimento, tem tempo de chegar a quem dirige o pensamento. A biblioteca ambulante também o faz em relação aos lugares onde permanece, hajam leitores para conhecerem a palavra ler.