O sol nos dias de pouca duração sabe...
O orvalho não deixa espaço para o tapete verde mostrar toda a sua beleza na charneca. A terra finalmente transpira de cansaço por ter ultrapassado o calor dos meses anteriores. Terminaram os dias de suplício, regressaram os textos, as viagens e andanças pelas aldeias da minha terra, frias, rudes, como o coração dos homens, ausentes no progresso destas. As chaminés sempre a vomitarem fumo, os velhos aquecendo-se ao sol, no início dos dias, nos finais dos mesmos. Dias curtos, para cuidarem da terra, noites longas para imaginarem, ouvirem os gritos da escuridão, os que gostam, para lerem. O fogo a estourar nas lareiras, é o centro das atenções em cada uma das casas nas aldeias. Cuidam dele como se fosse um filho, nunca o deixam enfraquecer pela fome. Estão sempre a alimenta-lo com a lenha obtida, na poda das árvores, na remoção de sobras de outras, derrubadas pelo efeito do vento forte na floresta, transaccionada a dinheiro. O sol nos dias de pouca duração sabe melhor, influencia os dias na cor, o casario nas aldeias são retábulos de vidas dominadas pelo trabalho rural. Pela interioridade do território, e das consequências da situação geográfica do mesmo. Leva os leitores a dirigirem-se à biblioteca ambulante, quando brilha perto do meio-dia, com o almoço a ser aprontado no fogão, em lume brando. O período a seguir ao almoço é insuficiente, regressa-se ao fogão, vigia-se o fogo na lareira e pouco mais. A biblioteca ambulante continua a ser a chama que não deixa arrefecer as mentes sobranceiras aos poderes aparentes.