O tempo parece estar atrasado...
O sol não expressa compaixão pelos mortais esta tarde na aldeia da Casa Branca, no interior do café um grupo de aldeões, na sua maioria homens, aproveita para emborcar umas quantas minis frescas. Se pudesse também estaria com eles saciando a sede, conversando, tomando conhecimento do quotidiano da aldeia. Saber mais sobre a cultura hortícola, o que está germinando, os legumes que estão acabados e prontos para serem colhidos. Neste lugares afastados onde se pratica agricultura de subsistência, os diálogos quase sempre andam à roda das hortas. Os saberes de uns e outros misturam-se, transitam para os mais novos, comportamentos que se extinguem a pouco e pouco consoante as populações diminuem nestas paragens. No momento não estou preparado para este arrebatamento do calor, numa aldeia onde os leitores escasseiam o tempo parece que está atrasado, só na estrada é que corre mais apressado e sem paragens para quem a utiliza. Os homens saem juntos do café, prolongam a conversa na esplanada sem se sentarem, por fim abalam para suas casas, ou talvez beber a abaladiça noutro estabelecimento. As histórias unidas nas estantes desesperam por largueza, que desfaçam a união levando-as, permitindo assim espaço entre elas para se aliviarem da temperatura incómoda. Haverá leitores que não tardarão a aproximarem-se da biblioteca ambulante, fiéis à leitura, comparecem sempre que aqui venho, pena é não haver mais interessados para se deslumbrarem com a magia das letras.