O torpor...
A manhã vai adiantada e os homens sentados debaixo da sombra de um chapéu na esplanada do Mercadinho da Fonte, não se engasgam no mata-bicho. Deixei-os a ler os jornais, assim fazem uma pausa, direccionei-os para a actualidade que nos rodeia. A biblioteca ambulante sempre que estaciona na aldeia das Sentieiras nunca se sentiu órfã de leitores, são sempre as mulheres que ganham aos homens na leitura, nunca chegam a completar os dedos da mão, nas aldeias da minha terra, eles pegam nos jornais, a literatura não os entusiasma. Os que lêem atiram-se às páginas das histórias como se o amanhã não regressasse, após a visita voltam para suas casas nunca menos com três a quatro histórias para apreciarem até ao próximo retorno. O torpor toma conta do viajante das viagens e andanças, são duas horas e meia, na sombra de uma oliveira em Casais de Revelhos, uma leitora já devolveu a história, trouxe-lhe a que me tinha solicitado. Aconchegou-a na mão, como quem transporta algo valioso, saiu enfrentado o sol violento. Próximo destino aldeia de Mouriscas...