O trilho continuava pela charneca ...
O rebanho, com as ovelhas colocadas umas seguidas às outras, acompanha o trilho a uma clareira rodeada por grandes sobreiros. As primeiras a chegarem estão com o focinho fixado na erva molhada que ocupa o espaço junto à estrada que dirige a biblioteca ambulante na direcção da aldeia da Foz. Observei a sofreguidão dos animais a devastarem a pastagem, uma página enorme onde as letras sumiam umas atrás das outras. Tal não era a voracidade empregada na leitura, impossibilitando a tinta empregue na escrita de secar totalmente. De um momento para o outro um clarão afastou as ovelhas dali para fora, não havia mais nada para lerem. O trilho continuava pela charneca adentro, conduzindo-as ao limite de outra página, demorei a vê-las a folhearem esta. Na seguinte não havia erva molhada, o caminho empedrado perdeu-se nas brumas do tempo, rebanhos não são para aqui chamados, só se forem alguns exemplares pendurados no pequeno talho do bairro. A clareira é um pequeno alpendre fixado acima da entrada do café, a leitura tem outro suporte, seria exagero denomina-la digital. Fico por uma leitura auxiliada manualmente, onde as letras são bebidas derivado à secura da goela dos leitores, perco o número de páginas de cor amarela, (vê-se muito agora nas recentes publicações), lidas por estes habituais leitores. Aqui as histórias não têm momentos de interrupção, estão sempre a chegar novidades para matarem a curiosidade destes leitores. Ao mesmo tempo que se escrutinam as histórias alojadas nas brochuras de vidro, vêm à tona das mesas, conjuntos de acontecimentos vividos por estes leitores. Puxados por redes de entusiasmo estão nisto até eles próprios serem personagens das histórias de outros.