O último afecto...
Os ramos da oliveira agitam-se de um lado para o outro rapidamente, não é o sopro do vento. No meio da ramagem, um braço esticado onde as mãos seguram um pau curto que bate violentamente na folhagem. As azeitonas soltam-se desencadeando uma saraivada na direcção dos panos ao redor da árvore. As mulheres não se atrevem a subir pela árvore acima, em baixo ripam a azeitona que está nos ramos que são cortados inteiros para favorecer o crescimento da árvore. Nem se apercebem da demasiada frescura da manhã ao contrário do viajante das viagens e andanças, não param enquanto a oliveira não ficar totalmente despida de azeitonas. No chão, em cima dos panos separam as folhas das azeitonas, depois é coloca-las em sacas e transporta-las para o lagar. Nas próximas semanas será este o cenário nas viagens e andanças, grupos de pessoas ao redor das oliveiras apetrechados de varas, panos, baldes, serrotes, trajando roupa já muito usada, remendada de tantos anos a equipar estas pessoas inquietas no trabalho que realizam. As histórias ficam para segundo plano nestes dias de azáfama, não se fala de outra coisa, não há tempo para mais nada, um intervalo para enganar o estômago, e logo a seguir abraçam as oliveiras como se fosse o último afecto das suas vidas.