O vento amaina, as ideias ...
O jorro de água sai com força elevando-se muito alto para atingir o mais longe possível a área de relva a regar. O vento brando, com a água aspergida tornam a tarde mais fresca, nas viagens e andanças. O cheiro da relva molhada é motivador aos sentidos do bibliotecário ambulante. Elimina possíveis ataques de torpor, na ausência de pessoas, de leitores na aldeia, excepcionalmente um automóvel, ou outro atrevem-se a sair, ou a entrar pelo casario adentro, na única estrada a visitar a aldeia. A água continua a sair com jorro violento, para acalmar imediatamente, a saída impetuosa. O aparo da caneta do escritor procede de modo igual, quando a escrita vai de vento em popa, a navegar nas ondas das páginas. Com inspiração, e ideias programadas o aparo expele a tinta sem receio de esgotar o tinteiro do oceano que atravessa. O vento amaina, as ideias perdem o ritmo, a nau da escrita perde a motivação, da força da corrente, do vento, está à mercê dos monstros marinhos. Fica à deriva, não se sabe como pode a acabar a viagem no oceano de papel em branco. O pânico instala-se, há ansiedade nas palavras, quais irão borda fora, ou continuarão a viagem. O capitão após dias de indecisão, ganha outra vez faculdade criadora, o vento reabre as velas. O capitão dá ordem para soltarem amarras, a escrita não pode esperar para voltar a galgar as ondas, sem medo do Adamastor, foi uma criação do poeta, há muitas mais palavras, diluídas na tinta, aptas a manifestarem os pensamentos. Chegarem a bom porto, apoiadas pelos pilotos na entrada da barra até aportarem nas mãos dos leitores.