O verão ganha entusiasmo
Finalmente o verão ganha entusiasmo, que seja extensivo na estimulação dos leitores da aldeia da Carreira do Mato, para onde as viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra me conduzem. Defronte da Tasca do Ti Zé nada acontece, exceptuando dois aldeões dialogando entre si, dentro de dias esta e outras aldeias terão mais população, com o regresso dos emigrantes e dos outros que estão instalados na capital e arredores. As festas e romarias nos meses de verão nunca mais acabam, é um circuito obrigatório para quem aqui reside na região. Inicia-se uma patuscada numa aldeia, terminando a pândega noutra. Agrupam-se pais e filhos, avós e netos, primos e primas, parentes mais afastados que só se avistam nestes arraiais. Enfeitam-se largos e adros, procissões percorrem as ruelas das aldeias, nas tabernas ( as que ainda existem ), e cafés, derramam-se depósitos de vinho, esgotam-se grades de cerveja, emborcam-se pipos de imperial. Nos lares as toalhas de mesa guardadas em arcas estendem-se nas mesas, a loiça e talheres das visitas nestes dias não têm descanso. Usam-se roupas novas ou as preferidas nestas ocasiões, que passam o ano penduradas nos guarda vestidos saturados de naftalina, para protecção dos insectos mais atrevidos.Toda esta agitação sazonal, gera convívios, exercitam-se amizades interrompidas por distâncias forçadas, fabricam-se novos apegos, surgem namoricos, uma reunião que regozija o distanciamento inevitável que voltará acontecer. Depois instala-se a normalidade, só a biblioteca ambulante com as histórias continua a regressar.