Olhando o tempo de maneira lenta
A frágil neblina envolta nos vapores libertados na chaminés da corticeira, dão um ar mais denso nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra. Ao transpor a aldeia da Bemposta dissipou-se, daqui para a frente o viajante das viagens e andanças na biblioteca ambulante pode observar com mais transparência a distância a percorrer à aldeia do Vale de Horta. Na rádio e na imprensa escrita é notícia o terramoto sentido à cinquenta anos, lembro-me de ser pequeno, estar na cama e os meus pais entrarem no quarto a confirmar se estava tudo bem. No alto de Stª António, junto ao Hotel Turismo, estava em construção a torre, uma estrutra de setenta e dois metros, ao serviço das telecomunicações. Uma grua de apoio à construção da mesma, com o abalo sísmico abateu-se sob uma moradia, prococando alguns danos estruturais, sem haver vítimas. Este é o meu testemunho desta forma de manifestação da natureza, na cidade onde as viagens têm o seu princípio. Na aldeia poucos se avistam, a hora de sair da cama por aqui é de madrugada, deixaram a povoação para ir trabalhar ainda de noite, ficaram só os velhos, movimentam-se nas hortas, guardam meia dúzia de ovelhas no pasto, segurando uma vara, na qual se apoiam olhado o tempo de maneira lenta.