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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

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Manhã tranquila com temperatura amena, sem nada a acontecer na aldeia do Vale de Açor. Vozes distantes chegam à biblioteca ambulante, os sons domésticos intervêm de vez em quando, superando os primeiros. A serenidade está em todo o lado, no temperamento dos homens que vigiam a floresta, nos que trabalham no corte da lenha, naqueles que conduzem veículos pesados a transportar madeira. Até agora, o silêncio consegue ouvir-se melhor que os outros, a sua presença é permanente na aldeia. A contrastar estão as casas caiadas de branco, e contornadas por cores apelativas ao olhar. A impressão visual é um transmissor informando que a aldeia tem habitantes, cuidadores dos seus haveres. O sol deu o salto, a biblioteca ambulante voltou a ultrapassar a ponte sobre o rio ao encontro dos leitores. A tília na aldeia das Bicas, continua a ser uma grande amiga das histórias, a sua sombra alcança as aventuras nas histórias. Apanha a montanha de livros mais alta do mundo, encobre o farol de Alexandria, penetra no desfiladeiro na floresta de Birnam, avista os leitores vindouros. Não há nada melhor que a sombra da tília, no jardim as flores são letras, as palavras terra fértil, para as histórias acontecerem. Brevemente as flores da tília destapam-se deixando deslizar no ar aromas a competirem com a sombra. Ondas de perfume invadirão a obscuridade do silêncio na leitura.