Onde andarão todos...
A sombra da laranjeira não alcança a biblioteca ambulante, estacionada no pequeno largo na aldeia do Tubaral. Isto é, são as únicas que ocupam o espaço, não há ninguém por perto a não ser um cão empoleirado no muro que ladra desalmadamente ao viajante das viagens e andanças. Um estranho próximo do limite do lugar que protege, num veículo cheio de histórias, aos olhos do animal é muito diferente daquilo a que está habituado a presenciar. As mulheres que sempre estão aqui, sentadas aos pés do muramento de alvenaria, não estão presentes a aguardar a padeira, também ela não chegou até ao momento. Onde andarão todos na aldeia? Onde andará a padeira que chega sempre com um sorriso a enganar o cansaço após horas a distribuir pão? Viajantes nómadas exibindo boa cara aos olhos de quem os espera só assim conseguimos aproximarmos-nos de modo que se afeiçoam, que ganhem confiança. A temperatura acompanha a subida do sol, mais logo não se pode permanecer no largo S. João de Brito, desde que o café que aqui existia fechou à boleia da pandemia, o centro da aldeia nunca mais foi o mesmo, morreu. Excepção é o período da permanência da carrinha do pão, e da biblioteca ambulante, é um mistério esta ausência. As circunstâncias do momento não fazem sentido numa manhã alegre, apontada a um fim de semana próximo, que ficará sem histórias na aldeia.