Onde as histórias não tiveram medo de romper
É nos limites do território das viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, com vista para outra grande extensão, o concelho da Chamusca, que a biblioteca ambulante trouxe as histórias. Terras onde os animais selvagens não conhecem o homem, vagueiam nos montados sem se deixarem observar, ocultos pela extensa flora silvestre, terras onde os homens não conheceram a juventude. Terras onde as histórias não tiveram medo de romper, terras onde a biblioteca ambulante se tornou mais uma no seio destas gentes. Mas, não uma qualquer, trouxe as histórias, para muitos algo estranho, enfadonho, nunca lhes tocaram, quanto mais lhes porem a vista em cima. São as mulheres que ousam levar as histórias para os seus lares, são as mulheres que não param quietas, trabalham no campo, cozinham, dialogam umas com as outras e ainda têm tempo para as histórias. Terras onde o viajante das viagens e andanças ganha asas como o falcão que ainda há pouco sobrevoava a pequena planície procurando alimento, passando para as mãos dos que querem ler, dos que não sabem que querem, a comida intelectual. Terras que nunca mais acabam, terras que não quero esquecer.