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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Onde as histórias são testemunhas

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A estrada me leva e me traz, não cálculo os quilómetros percorridos com sol e chuva, toldado nas névoas matinais, fatigado no crepúsculo. Uma estrada fabulosa, cujo início em Trás-os-Montes se prolonga até ao Algarve. Nos dois sentidos gente ousada, determinada a transpor a distância.  Nas motas, nos automóveis em bicicletas, a pé, estes exploradores, talvez um dia criadores de histórias de viagens, encontram, e conhecem outras tantas nos lugares, aldeias e cidades atravessadas. Mas há uma de que nunca se irão esquecer, e não deixarão de a transmitir aos que ainda não experimentaram esta aventura na mítica estrada. Naquele dia, numa manhã, ao quilómetro quatrocentos, mais ou menos, provavelmente de tarde, ou terá sido naquela manhã em que chovia, não interessa, avistaram a biblioteca ambulante. Atrás, ultrapassando, cruzando no sentido contrário, há sempre olhares curiosos, levantam o braço acenando às histórias em movimento, viram a cabeça na direcção desta, confirmando se é mesmo o que estão a ver. Não estou a fantasiar, é isto mesmo que acontece algumas vezes ao conduzir a biblioteca ambulante nesta estrada, ao encontro dos leitores. Um pedaço de estrada implicado no rio, na charneca, nas pessoas, onde as histórias são testemunhas.