Onde foram elas ...
A renovação da casa, no largo da aldeia, no Tubaral, avança paulatinamente. O som do berbequim a perfurar a solidão, a explorar a história das paredes de outrora, tentando saber as histórias. As memórias enraizadas, nas paredes da casa, do martelo a bater no silêncio, dão energia ao largo. A betoneira a girar é a roda da sorte, da densidade populacional da aldeia. A sorte está nas palavras consoantes, seleccionadas, «casa, janela, ninho» e numa vogal, «a». Após a betoneira parar o seu movimento giratório, ganhou a aldeia. Não há muito tempo, no banco construído em alvenaria, debaixo da copa, da laranjeira, um pequeno grupo de mulheres da aldeia, aguardava sempre pela carrinha da padeira. Actualmente não acontece essa demora, não acontecem as novidades, os mexericos, a vida no largo. Onde foram elas, a pandemia levou-as, tirou-me leitoras, a alegria da aldeia. As obras na casa são um recomeço, a reedição de uma história, com apontamentos novos incluídos. A actualização num tempo novo, a curiosidade no que diz respeito à casa e aos futuros habitantes será cada vez maior, sempre que a biblioteca ambulante regressar à aldeia.