Os faça agitar nas emoções
Depois de uma manhã onde chuviscos deram um ar da sua graça, as viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, são percorridas pela biblioteca ambulante numa temperatura habitual nesta época do ano no concelho, muito calor. As histórias estão prestes a ser tocadas, agarradas, há quem almoçe com elas, durma com elas na cabeçeira da sua cama, viaje levando-as na mochila, na mala. Até á praia vão, naquelas tardes em que o sol atravessa lento o rumo ao zénite. Muitas acabam ignoradas por quem adormece a meio da sua leitura, outras são exploradas nas viagens de comboio, nos transportes e filas dos serviços públicos. Na ponte rumo além Tejo o meu olhar poisa lá em baixo no rio, as águas galgaram sofregadamente as margens, tendo mesmo submergido o passadiço junto á fonte dos Touros. As nuvens conquistaram o azul do firmamento, só não conseguem diminuir o calor na aldeia da Lampreia, onde a biblioteca ambulante se instalou. Sem nada acontecer, com a fronte a escorrer água, recomeço outra viagem na direcção de outra aldeia, Casa Branca. Matei a sede com água fresca no café Chez Cláudia, onde na esplanada estão sempre os mesmos homens a contemplar estranhos que cruzam a estrada que lhes divide a aldeia. Ainda assim confio que os leitores não se esqueçam das histórias, quando precisam estão sempre disponíveis para eles com as suas capas coloridas apontadas aos seus olhares curiosos e expectantes para encontrarem o trama que os faça agitar nas emoções.