Os leitores venham...
A chuva vem e vai, umas vezes afável, noutras brava, interrompe trabalhos realizados ao ar livre, impede as pessoas da aldeia de saírem das suas casas. Do interior da biblioteca ambulante, o som da água a bater no tejadilho dá a ideia de que o mundo está para desabar, possivelmente não andaremos longe disso no estado actual da humanidade, mas no momento é somente chuva torrencial. No intervalo, em que a chuva foi não sei aonde, o Gregório aproximou-se, veio informar que não entrega as histórias que levou da última vez que a biblioteca ambulante permaneceu na aldeia, falamos um pouco, da água que acabou de cair e que voltará outra vez, das pessoas que voltaram a estar contaminadas. Famílias que estão presas nas suas casas, da Páscoa que vai ser para alguns, novamente separada por ausências. Quando as nuvens permitem, surgem clareiras, que possibilitam ao sol sorrateiramente expandir os raios, atingindo parcelas da aldeia. Tornei a fechar a porta grande da biblioteca ambulante, a chuva regressou mais uma vez, adivinho que o resto do dia vai ser assim, o importante é que no abrir e fechar da porta, nas partidas e voltas da chuva, nas pausas do tempo, os leitores venham descobrir as histórias.