Os sorrisos estiveram presentes ...
O dia não trouxe nada de novo, nem o vento com os murmúrios mais acesos consegue agitar a parda manhã. O café na única rua da aldeia é o local de reunião das pessoas que desafiam a chuva, quem surge vem com passo apressado e molhado, a inutilidade do guarda-chuva é visível, apesar de o trazerem. Inicio de semana com despedidas e aspirações de um bom Natal e um Novo Ano cheio de tudo de bom. Os sorrisos estiveram presentes, as lágrimas surgiram sem esperar, de quem perdeu uma filha recentemente, sentimentos reais, e que as histórias muitas vezes nos descrevem quando lemos páginas comoventes. Também as folhas nas árvores se separam, um adeus violento, tentam ficar agarradas aos ramos, o vento está forte não permite tal veleidade. A tarde não demoveu a ventania nem a chuva, confio que não faça o mesmo aos leitores, as portas da biblioteca ambulante estão fechadas, ainda que as histórias estejam disponíveis, o importante é os leitores aparecerem. A curta viagem até ao derradeiro lugar do dia, o bairro da Encosta da Barata foi feita debaixo de chuva persistente. Uma parcela do território urbano onde podia dar certo, e a cada permanência das histórias a desilusão cresce, não fosse a assiduidade de uma leitora atenuar o desencanto, o objectivo esbatia-se na sombra dos dias. Não posso colocar a biblioteca ambulante impetuosamente na frente das pessoas, dos pais que esperam pelas crianças junto ao portão da escola, as histórias estão visíveis, a biblioteca não é uma desconhecida, resta-me usar a resiliência, a mesma daqueles que a aguardam nas aldeias afastadas da cidade. Recebi uma mensagem da protecção civil, o tempo nas próximas vinte e quatro horas nas aldeias da minha terra não vai estar fácil. Será que alguma vez esteve?