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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

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A chuva abundante enche a manhã de água, a depressão Nelson, também nome do herói na batalha de Trafalgar, na qual foi mortalmente atingido por um atirador francês, tem o comportamento de uma armada vitoriosa. Conquista tudo à sua frente, não permite o alívio necessário para voltarmos a uma situação de normalidade. Os leitores deslocarem-se ao encontro da biblioteca ambulante no largo S. João de Brito, na aldeia do Tubaral, as mulheres aguardarem a chegada do padeiro, os operários da construção civil, continuarem os trabalhos na recuperação da casa no largo. A intensidade da pluviosidade aumenta acompanhando a evolução da manhã. Não se vê vivalma, não há atrevimento para saírem de casa, no interior da biblioteca ambulante, sou um privilegiado, sem me molhar, observo a depressão Nelson a fustigar a aldeia, um combate desigual, a aldeia não se defende, as pessoas protegem-se em casa, abrigadas do ataque sem misericórdia deste esgotamento meteorológico nas nuvens. De repente as ribeiras ganham arcaboiço, ocasionam correntes mais velozes nos canais escavados pelas águas nas planícies, pelas sinuosidades dos escoamentos. As linhas de tinta a fluir para as folhas brancas, a sobreviverem, serem legíveis para sempre, nos cadernos, e nos livros. O início da tarde trouxe um apaziguamento na depressão, embora, lá em cima, o céu continua pardacento e ameaçador. Na rua mais movimentada da aldeia do Monte Galego, as copas das oliveiras, oscilam num movimento alternado. Os pingos da chuva voltam a ocupar o vidro grande da biblioteca ambulante. Não é bom sinal, de manhã não houve leitores, o mesmo irá acontecer no segundo período do dia se continuar a chover. Em Alvega, o coreto situado no centro do largo, é um livro em branco, vazio, de pautas esvoaçando na aragem de um final de tarde. De música vibrante tocada por elementos de uma banda, de pessoas ao redor deste, a ouvirem as palavras a ocuparem o pequeno lugar, e a bailarem impelidas pelo som das melodias.

 

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