Oxalá no futuro os ...
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O tempo envelheceu outra vez, o frio gosta de deambular na charneca, pelas aldeias da minha terra, nos sítios onde a biblioteca ambulante aguarda os leitores. Neste momento, depois de ter ido tocar à campainha do infantário, chamar os meninos para visitarem as histórias. Um pequeno grupo a gozar férias no ATL, aproxima-se com a responsável pela custódia deles. Sentam-se no chão, abrem as páginas perseguindo as letras, decifrando as palavras. Não são acanhados, aventuram-se na exploração, desvendam no meio da floresta densa, como o faz o escritor a desbravar o papel branco com as palavras. A chuva e o frio continuam unidos, voltaram os blusões impermeáveis, os chapéus de chuva, os rostos arreganhados das pessoas na rua. Depois de uns largos dias a usarem roupa primaveril, os mais ousados, a vestir de verão, não aguentaram, recuaram no arrojo da roupa. O sol e a chuva vão e vêm, são leitores do tempo, um traz ânimo, a outra falta de alento, o bem e o mal, os desejos e valores, os comportamentos para onde alguém ou uma coisa se voltam. O céu transforma-se novamente, está a ficar escuro como breu, desta vez ouço um alarido, indistinto, fazendo-se ouvir mais alto com a aproximação da obscuridade. Oxalá no futuro os leitores fossem como o tempo, sempre a ler.