Palavras desprendidas ...
De regresso à estrada, nas viagens e andanças com letras, tirando vantagem da chuva que não cai. As histórias espreitam a estrada, iludidas pelos automóveis que transitam lhes dêem oportunidade de uma boleia. Na beira da estrada as páginas agitam-se fortemente, abanando nos dois sentidos, dando força à pouca intensidade da leitura. Mesmo assim nenhum abranda até parar, agigantam-se para que as vejam, sem sorte. Os ocupantes vão concentrados, não notam as palavras desprendidas para serem absorvidas pela rapidez e conseguirem ser levadas pelo destino de cada um. Idiomas alastrando por terra, ar e mar, linhas escritas, traços imaginários aguardando a tinta que dará forma às caligrafias, aos sinais do mundo. Na rua, a calçada é uma confusão de linguagens, apressadas, pausadas, vibrantes, silenciosas, sem tradução fixam-se. Misturam-se sem perderem o vínculo ao berço, assumem outro local de nascimento.