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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

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O verão chega agasalhado, apoiado aos ombros traz um casaco comprido, quase até aos pés. O frio nas aldeias da minha terra continua mandrião. A leitura absorve-o, no hemisfério sul estão cansados de o solicitar, com palavras, há os que gritam do outro lado do mundo, para se apressar a apaziguar os dias endiabrados de calor. A indecisão na história, sobre o clima, assimila os seus medos e alegrias. Está inerte no leito do tempo, com os olhos fixados na história, quer saber como termina. Assim estão os pequenotes leitões selvagens, desorientados na estrada, a fugirem da biblioteca ambulante. Correm na direcção da história de hoje, não imaginam que irão perdurar para sempre nas histórias à beira rio. A tarde não suporta o capote, deixou-o pendurado numa nuvem, arregaçou as mangas da camisa para dar as boas vindas ao verão. Também os leitores desistiram do conforto das suas casas e vieram largar as histórias lidas na primavera. Traziam na boca, os odores perfumados das palavras que leram, os olhos brilhantes pelas experiências vividas nas páginas das histórias. Perscrutavam nas estantes as melhores simuladoras de aventuras, de paixões arrebatadoras, de estremecimento causado por emoções intensas. O mesmo sentimento dos pequenos leitões selvagens quando repentinamente avistaram as histórias na biblioteca ambulante.