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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

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Na aldeia da Ribeira do Fernando a mansidão da manhã contangia, tonalidades do outono  inauguram este novo dia de viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, sítio outrora esmiuçado por povos conquistadores de passagem, tendo mesmo alguns parado para sempre nos actuais campos aqui perto. Na proximidade da ribeira que baptizou a povoação surgiram á luz do dia objectos domésticos acusando a presença dessas populações. Tudo o resto mantem-se igual, a vida corre ao seu ritmo, as pessoas no Café Desvio são as mesmas, sentadas olham para a televisão esforçando o pescoço, os mexericos são assíduos ( estudos recentes confirmam que pode estimular a coesão social ),  encostados ao balcão trabalhadores reforçam os estômagos, serenando os mesmos bebendo vinho e cerveja. O sol ganha altura, a temperatura detestável, ainda assim um leitor entrou na biblioteca ambulante, solicitou orientação na selecção de uma história, prontamente o viajante das viagens e andanças acedeu. A eleita foi  Estuário escrita por Lídia Jorge, confio não defraudar o leitor, é sempre um risco, é uma história que se adapta ao perfil, nascido em terras do Demo as mesmas do autor do romance, também ele calcorreou muito chão até estabilizar na aldeia. O padeiro toca a buzina, como por encanto surgem as mulheres rodeando a carrinha, ali se demoram, no falatório com vozes estrídulas, esquecendo a preparação do almoço.