Quotidianos baralhados
Vinte graus celcius, é a temperatura no mostrador do rádio da biblioteca ambulante, na aldeia da Casa Branca. A esplanada do café incansável a saudar a estrada, está cheia de homens entorpecidos, cabeças descaídas na direcção do peito. Ali estão na pasmaceira, as histórias não os despertam, muito menos motivam, vidas acabadas, sonhos desfeitos, esperam pelo tempo que nunca mais chega. No âmago do estabelecimento, estão outros sentados a jogar cartas, de quando em vez ouço o som das mãos a baterem nas mesas lançando as cartas, anunciando uma jogada de mestre. O álcool vai e vem consoante o decorrer do jogo, nem todos estão no mesmo caminho, ao redor observam, comentam os lances, alvitram que faziam melhor. Na biblioteca ambulante duas leitoras retiram, voltam a colocar, comentam frases, seleccionam. Quotidianos baralhados.