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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

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O nevoeiro é um intruso silencioso a passar nos lugares estreitos da charneca, uma serpente que alastra pelo vale adiante. A biblioteca ambulante sai como a linha a deixar o buraco da agulha  deste tempo vagabundo, atingindo a aldeia no topo do terreno onde crescem plantas rasteiras. Ao sol na rua principal os velhos sentados nas soleiras das portas, aquecem os ossos carcomidos pelo peso da idade,  o corpo encurvado, consumidos, parecem cartão dobrado, preparado para ser metido nos depósitos de reutilização, seria bom se assim fosse. As mulheres têm semelhanças com as  formigas, caminham pela rua, trazem sacos cheios do mini-mercado, empório da aldeia, cruzando com as que vão no sentido oposto. Há sempre um momento de paragem para mexericar as novidades das primeiras horas do dia. O sol trouxe a roupa ao estendal das varandas, aos improvisados, nos ramos das árvores mais despidas pelo avanço da estação, nos espaços que conquistaram lugares nos braços da luz e do calor,  a corar e, a secar. As portas da biblioteca abertas convidam os leitores a entrarem, têm ao dispor as notícias nos jornais, nas revistas, ou mesmo ganharem balanço para outras leituras.

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