São escritas a lápis de água ...
A rua está abandonada, ao longe, um, dois, chapéus de chuva, não vão sozinhos, alguém os segura, a chuva que se manifesta de uma forma excessiva não permite grande visibilidade. Podia ser uma vassoura agigantada, o vento empurra, e a chuva varre tudo à frente. As histórias estão órfãs dos leitores, não arriscam aproximarem-se da biblioteca ambulante, esta não se deixa abater com a torrente de água. As palavras hoje são escritas a lápis de água, no vale que divide a charneca, um traço verde de erva ficará quando o sol voltar a brilhar. A tinta voltará a encher os ribeiros as ribeiras, tinteiros que irão alimentar aparos para reescrever a charneca amarelecida pela prolongada ausência do líquido. O junco crescerá nos terrenos alagadiços, navegará o tempo que for preciso a levar as mensagens de quem escreve, começou na antiguidade, actualmente na biblioteca ambulante. Que a chuva nunca acabe, que a tinta não se gaste, para as palavras não se esgotarem no vento.