Se as nuvens fossem histórias
Apesar dos insistentes avisos na rádio que a temperatura iria baixar, com alguma chuva á mistura, não reconheci o mérito da previsão anunciada. Desta vez acertaram, desprevenido com um pólo vestido, não sei como me vou aguentar nesta manhã de viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra. Outro imprevisto aconteceu, ao rodar a chave da ignição da biblioteca ambulante, o motor não correspondeu ao solicitado. Trac! Trac! Foi só o que ouvi. Nova tentativa. Trac! Trac! Outra vez, a bateria cansada não quer colaborar, a sorte do cais de partida e chegada das viagens e andanças ser no quartel dos bombeiros, facilitou e desenrascou o viajante com a simpatia dos bombeiros, utilizando os cabos transmissores de corrente, alimentando a bateria preguiçosa com a bateria dadora de uma ambuância. Rodando a chave novamente, o motor nem hesitou, o som emitido e cheio de saúde anunciou que estava pronto para a partida. Sem os bombeiros as histórias estariam comprometidas na aldeia da Pucariça, com a ausência de leitores é a chuva que visita a biblioteca ambulante. Uma nuvem do tamanho da aldeia, esgota a sua água, sem parar, empurrada pelo vento, continua até o sol voltar outra vez sem trazer novidades. Só as nuvens que não se cansam de passar, são diferentes, umas mais gordas, outras muito escuras, ou muito brancas como o algodão, algumas imitam figuras geométricas, até formas de animais, de rostos, elas exibem. Foram as nuvens que me distraíram esta manhã, e se as nuvens fossem histórias, as gordas seriam histórias longas, as escuras histórias dramáticas, as brancas histórias de felicidade, todas as outras mais pequenas seriam contos. Olhando para cima com tanta história a viajar quase me esquecia que estava na hora de abalar.