Sem leitores ainda...
Depois de dois dias intensos a sublinhar vitórias e derrotas, o primeiro dia útil da semana não perde a normalidade dos outros na Aldeia do Mato, a monotonia carinhosa continua a fazer parte das práticas de quem aqui vive. Hoje o café está encerrado, um ou outro aldeão percorre a rua que segue na direcção do rio. Passos arrastando-se ouvem-se ao longe, próximos são pesados, não estou enganado, a idade avançada de quem habita na aldeia não é impeditiva para se deslocarem às hortas. No regresso, equilibrado na cabeça, há sempre um enorme saco cheio de couves, erva para os coelhos, ou partes de ramos secos, para ajudar o fogo na lareira a crescer. A manhã está fresca, o sol ainda não tem força que permita aquecer os velhos que andam por aqui com olhares de curiosidade na biblioteca ambulante. A água corre para o tanque, o som que liberta ao unir-se com a que já lá está, provoca um bem estar no viajante das viagens e andanças. Sem leitores ainda, esta fonte faz lembrar as antigas bibliotecas romanas, onde uma história era sempre um pretexto para se ir a banhos numas termas em quaisquer províncias do império.