Ser invasiva
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No lugar de Sentieiras do Souto a ribeira corre alegre, na direcção do cada vez mais afastado braço do rio Zêzere que ali chega. Encolhe-se o braço, estende-se a terra e continuará assim se não houver precipitação abundante. O mais certo é que a ligação do rio com o seu afluente se perca definitivamente até ás próximas chuvas no próximo outono. A biblioteca ambulante nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, testemunha o enchimento das ribeiras onde as suas águas rápidamente desaguam nos rios que atravessam este território, assim como o esvaziar dos mesmos devido à ausência da queda de água da atmosfera. A relação das histórias com os leitores é semelhante, tanto se apressam na direcção da biblioteca na demanda de histórias, como retardam a sua vinda na busca de outras e novas histórias. São altos e baixos, o equilíbrio é essencial na continuidade das viagens, o vínculo não se pode desperdiçar, mesmo afastados temporariamente a biblioteca ambulante tem de progredir, ser invasiva nos lugares e aldeias do seu itinerário.