Sobrevoando por cima da ...
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A biblioteca ambulante não progride nas viagens e andanças como as nuvens, vai na direcção das aldeias da minha terra, segue os futuros leitores, acompanha os leitores. Nas nuvens estão aqueles que vêm com regularidade junto das histórias. Avançam com intuição nas histórias que lêem, há dias, ninguém os consegue seguir, noutros, não há melhor do que estarem sentados num banco, no jardim, a observarem panoramas. As histórias são substâncias, puxam a ponderação, desviando os leitores de outras direcções menos boas. Dão-lhes asas, iguais às nuvens, sobrevoando por cima da biblioteca ambulante, vão ao fim do mundo e voltam mais experientes. São anabolizantes, aumentando significativamente, a capacidade dos leitores, de saberem trocar ideias sobre um assunto. As histórias são máquinas criadoras de vontades. São estórias das histórias, da humanidade, do tempo. Na aldeia da Barrada, o sol aperta o viajante das viagens e andanças, encolhe as pessoas, limita-as ao espaço das suas casas. O café Areias, no largo da aldeia, encerrou as portas agora mesmo, sem clientes no período da temperatura mais elevada no ar. Sobejam as sombras no largo, o fremir da abelha, iludida, no meio das brochuras coloridas, nas estantes. Canteiros, de flores de papel, onde os leitores absorvem o néctar. Um jardim público, onde todos possam cheirar as flores de papel. Arranca-las pela haste, voarem até às nuvens, e plantar de novo as flores de papel nas nuvens. Pequenas áreas de nuvens ajardinadas, transformariam o céu num grande jardim, o mundo seria melhor, debaixo da influência das flores de papel. Em vez da presença do peso, lentamente, destruidor, das autocracias, das guerras.