Somos viajantes necessários
Perdoam-me os que estão de férias, nas praias, nas montanhas, nos campos, nas cidades, subindo, descendo, ziguezagueando, em viagens longas e curtas. As distâncias não importam, ver, cheirar, comer, beber, conhecer, voltar a onde se amou e chorou. Mas tem estado uns óptimos dias nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, temperaturas amenas de manhã e tarde, para vaguear por lugares e aldeias, transportando histórias numa biblioteca ambulante. Seduzindo aldeões, com letras e palavras de outros que as pensaram e escreveram, torna-los leitores. Possibilitar outros panoramas, itinerários diferentes, para aprender e conhecer. É pela EN2 que transponho a distância de Abrantes á aldeia do Brunheirinho, pouco antes de ultrapassar o Casal da Bica, um rebanho divide-se pela sombra do olival. Ouço a melodia da carrinha do peixeiro, aproxima-se devagar, esperançoso que se abram portas, que se atravessem na rua, que comprem peixe. Passou por mim, acenou-me, respondi no mesmo gesto, há anos que nos saudamos assim. Somos viajantes necessários aos que se fixam na terra. Gostamos de rolar pelas estradas fora, de incomodar, ser atrevidos, de entrar pelas suas casas dentro, as histórias são um exemplo!