Novamente na estrada, ir ao encontro dos bem aventurados nas páginas das histórias, a repor a leitura atrasada pela paragem imprevista da biblioteca ambulante. Não esperavam a visita repentina, vi isso nos olhos e nos sorrisos rasgados quando chegaram com as histórias. O vento não está para brincadeiras esta manhã, não houve melhor boleia para a biblioteca ambulante chegar à aldeia de Martinchel. Pouco antes de terminar a viagem nas asas do vento selvagem, telefonavam ao viajante (...)
A luz brilhante do sol em Martinchel não atrai leitores à biblioteca ambulante, junto das tílias as histórias protegem-se na sombra destas árvores. O odor que as suas flores libertam não se faz sentir ainda, não estão prontas para as infusões que abrandam a velocidade, muitas vezes furiosa das pessoas. A leitura não tem cheiro, apenas na imaginação de cada leitor, destapando as brochuras dos livros solta-se a fragrância das folhas causada pela impressão das letras. (...)
Está uma tarde morna com nuvens no céu, umas atrás das outras, empurradas pelo resto do vento da manhã, a dizerem que poderá chover. Não acredito, sem pararem não vão deitar cá para baixo alguma água que transportam. A biblioteca ambulante é uma nuvem cheia de histórias, impelida pela vontade do viajante das viagens e andanças a levar enredos, permanece nas aldeias despejando-as a quem as queira ler. Há quem goste de se molhar pelas letras, ao ponto de ficar encharcado de (...)
O calor está de volta, em Martinchel a biblioteca ambulante aproveita a escassa sombra que a tília consegue dar com as suas jovens folhas. Os leitores e as pessoas da aldeia são preguiçosos ou não gostam de ler, poucos jovens, demasiada idade nas pessoas, não são impedimentos para se aproximarem das histórias. A biblioteca ambulante volta sempre ao centro da aldeia, no pequeno largo com uma fonte, à beira da estrada que não se cansa dos veículos que não a deixam de atravessar (...)
A primavera beijou-nos de surpresa, as histórias, a biblioteca ambulante, o viajante das viagens e andanças estão cheios de sorte neste dia percorrido nas aldeias, também elas beijadas pelas águas do rio Zêzere. É pois um dia completo de beijos, juntando a estes os beijos dos leitores quando enfrentam as histórias na biblioteca ambulante. Beijos para aqui, beijos para ali, letras a beijarem-se, palavras a beijarem-se. Ler uma história, não é mais que um longo beijo de quem a (...)
O vento e mais poeira, marcam a manhã das viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra. No café o Nuno e uma cliente, ambos leitores da biblioteca ambulante ficaram com as cabeças encaixadas nas páginas dos jornais e das revistas. Uma leitura obrigatória sempre que venho à Aldeia do Mato. A informação periódica ainda é importante para alguns, um estímulo para outras leituras, uns preferem a informação desportiva, outros apontam à generalista e social. Gostam (...)