O espaço no centro da aldeia está a ser cuidadosamente limpo, as ervas daninhas são arrancadas por alfaias mecanizadas, o restante acumulado na rua é afastado violentamente pelo sopro de outra máquina. Substituta de Éolo, o Deus do vento, esta é manobrada por um homem, é possível que seja Zeus, pai dos deuses, só tem de fazer pressão com um dedo num botão, depois os mecanismos recebem a energia e o soprador de folhas ganha vida, os quatro grandes ventos fazem o resto, levando (...)
O calor abraçou a tarde depois da ventania acalmar, uma excentricidade que não faz falta nenhuma nas viagens e andanças com letras. Felizmente os leitores hoje abriram as portas das suas casas, e definiram vontade de saírem, virem à biblioteca ambulante, devolverem as histórias, levarem outras. Os cabelos no ar, foram só episódios rocambolescos, peripécias para os prenderem. A segurarem as histórias, não foi fácil, quem não passou pela experiência foram aqueles com menos (...)
O largo tem pessoas, sentados sob a esplanada que acompanha o desvio que a calçada tem para a entrada da rua ser ampla. Defronte, estão mais mesas e cadeiras ocupadas por mulheres, falam sem parar, raspando pequenas cartolinas da sorte. O homem que assa os frangos, vende hortaliças, flores e sei lá mais o quê, arruma o negócio na carrinha sem tirar o cigarro da boca. Acompanhado por outro que tem a totalidade do rosto coberto por uma espessa manta de pêlos, sobressaindo o (...)
As fotografias biográficas do Antonio Botto oscilam, penduradas nas guitas que atravessam o interior da biblioteca ambulante, aparentam terem vida própria. Não mencionam, a sua apresentação aos aldeões está por um fio, tal e qual como elas estão aos olhos de quem as queira descobrir. Autor desconhecido na maioria das aldeias da minha terra, foi nas viagens e andanças que se deu a conhecer, onde nasceu, o percurso literário, o fim trágico da sua existência no Rio de Janeiro. (...)
Lugar onde as pessoas da aldeia se abastecem, e frequentam para beber café, um copo, ter conhecimento das novidades. Ponto de encontro dos velhos e dos novos, o Mercadinho da Fonte em Sentieiras, foi hoje, entre embalagens de massas, arroz, leite, enchidos, carne, peixe, e sei lá mais o quê, palco para saber mais sobre António Botto. Homem diversificado na literatura, nasceu na aldeia da Concavada, no concelho de Abrantes, a 17 de Agosto de 1897. Estamos pois a celebrar o (...)
À roda da Bia a cantar a mulher perfeita, à roda da Bia a lembrar o poeta. À roda da Bia a falar de Fátima. À roda da Bia, estão Motivos de beleza em rostos ocupados pela rudeza. À roda da Bia, Ainda não se escreveu a história toda. À roda da Bia revivi Cantigas de saudade, narradas por velhos cheios de felicidade. À roda da Bia, sem Ciúme celebramos O livro do povo nas palavras do António Botto.
A revista Sábado desta semana, destaca mais uma reedicção da poesia de António Botto, poeta maldito "real e imaginário". Nascido no concelho de Abrantes na aldeia da Concavada em 17 de Agosto de 1897, veio a falecer, vítima de atropelamento no Rio de Janeiro a 16 de Março de 1959. Seu pai trabalhava como marítimo nas fragatas do rio Tejo, ainda pequeno foi morar para Lisboa, jovem empregou-se numa livraria, tendo a partir daí conquistado a simpatia de alguns escritores já (...)