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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Foi a mandriar que o sol se levantou, o rio lançava vapores confundindo os mais distraídos que o atravessavam na ponte para além Tejo. No campo, sob as oliveiras os panos verdes recebem azeitonas expulsas pela violência das varas a bater na ramagem, homens e mulheres, corcovados, apanham  os bagos pretos. Segundo estes sábios, não está a ser um ano de muita azeitona, a pouca que resistiu a um ano difícil desenvolveu-se com as últimas chuvas, subitamente ficaram mais volumosas. (...)
  A carrinha de caixa aberta, avança lentamente no asfalto, adiante da biblioteca ambulante nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, dá sinais que vai desfalecer, a abarrotar de sacas cheias de azeitona, progride na mesma direcção das histórias, a aldeia da Chaminé, onde nesta altura o seu lagar não tem descanso. A sua fama de produzir bom azeite, suplanta os limites da freguesia onde está instalado, de quase todo o conselho chegam azeitonas para serem (...)
Na aldeia da Ribeira do Fernando não se vê ninguém, a biblioteca ambulante avança devagar pela rua principal, o sol ilumina hortas e quintais, os ramos de oliveira, espalhados nos terrenos, são indício até para os menos informados, que a colheita da azeitona por aqui foi efectuada. Alguns destes aldeões já têm o seu azeite depositado em garrafões ou vasilhas próprias para o efeito, a sua durabilidade irá até ao Outono do próximo ano, irá inundar pratos de bacalhau, de (...)