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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

31.Mar.23

Lembrar os desatentos que são capazes de decidir ...

historiasabeirario
A nebulosidade acompanhada de alguns chuviscos não promete que possa acontecer a leitura da história com as pessoas da aldeia do Souto. O palco está pronto a ser usado para quem quiser aproximar-se da biblioteca ambulante e ouvir, Obrigado, uma história de vizinhos, escrita por Rocio Bonilla.  Somente os pássaros se ouvem na primavera adormecida, o cheiro libertado pelas flores silvestres também chega empurrado pela amena aragem, faltam as pessoas para ficar tudo perfeito. De um (...)
30.Mar.23

Falar do passado ...

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A suave neblina paira no ar nas aldeias da minha terra, deu serenidade à manhã, as pessoas no Tramagal aparentam estarem felizes. Falam pelos cotovelos quando abordadas para se sentarem um pouco junto da biblioteca ambulante e ouvir a história lida pelas colegas temporárias, na actividade englobada na parceria com CLDS 4 G ( Contractos Locais de Desenvolvimento Social ). O mais difícil, apesar da sedução é permanecerem, têm sempre qualquer coisa para realizar, o almoço, uma (...)
29.Mar.23

Saborosas histórias escutadas ...

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Há quem tenha crescido numa família numerosa, e não tivesse oportunidade de aprender a ler. Um tempo cruel, onde se fugia de casa para ir à escola, ser alcançada pelo progenitor e ter de voltar para casa, ser usada como ama de companhia dos irmãos mais novos. Felizmente existem as bibliotecas ambulantes, os planeamentos e pessoas interessadas em minimizar os estragos de uma sociedade descontinuada pela autocracia, fome e guerra. Ainda assim amputadas de saber unir as letras, (...)
28.Mar.23

O convite para dançarem ...

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Outro dia com as mesmas histórias a serem lidas em aldeias diferentes a norte e a sul. A ponte, estrutura importante para transpor o rio Tejo, dá acessibilidade à biblioteca ambulante, há vizinhança que habita em ambas as margens. Há sempre histórias verdadeiras para trazer, da feira anual de Alvega, dos vestidos de seda estreados por cada uma nesse dia. Arrumados nos roupeiros, não os perdiam de vista nos dias que antecediam a feira, prognosticando como lhes assentariam no (...)
27.Mar.23

Olham as cadeiras vazias ...

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O bairro de manhã não quis participar, na aldeia, de tarde, estavam à nossa espera, a biblioteca ambulante e o projecto social, parceiros no combate à solidão e ao isolamento. Será uma semana de leitura, de histórias, de momentos exclusivos partilhados entre todos. Na periferia as pessoas isolam-se, enfiadas nas fracções dos prédios, sem contactarem com o vizinho do lado de cima e de baixo, ali estão espreitando detrás dos cortinados, das persianas. Olham as cadeiras vazias, (...)
23.Mar.23

Com as mãos a tentarem ...

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As crianças barafustam no interior da biblioteca ambulante pela posse das histórias, não há sossego, passam pelas mãozinhas sem tempo para se hospedarem, são miradas do avesso, diagonalmente, ou como lhes dá mais jeito. A pequenada não consegue ainda interpretar as letras de mãos dadas umas com as outras, continuando a conviver, a repetir as visitas à biblioteca, ajudados pela professora, iniciarão um dia a leitura. Adultos e gaiatos misturados, procurando histórias, imagens (...)
22.Mar.23

A imaginação de cada um ...

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As nuvens mancharam o céu azul, o mestre entornou um monte de tristeza nesta tarde de primavera. Alastrou-se pelo horizonte adiante, o aparo da sua caneta a escrever o destino do universo quebrou-se, o borrão estragou o pano. Há momentos em que o pintor inspirado desenha nuvens insinuando formas, figuras conhecidas, alegra-me observar estas representações expressivas. A imaginação de cada um decifrará a ilustração, o importante é analisar, ler. Assim estão a comportarem-se os (...)
21.Mar.23

Não matem a poesia ...

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Receio a continuidade da biblioteca ambulante no próximo verão nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra. Fico assustado pela morte súbita das histórias na casa dos leitores, isto porque segundo li, a Carta de Perigosidade de Incêndio Rural prevê o impedimento das pessoas de saírem de casa em dias de alto risco de incêndio nas zonas rurais. Como eu deverão estar a padeira, o peixeiro, o merceeiro e todos os outros cujos ofícios ambulantes dependem das (...)
20.Mar.23

Finalmente atingimos o ...

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A temperatura intrometeu-se de tal maneira na manhã, adivinho um dia quente nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra. Mais logo a primavera varre o inverno, embora fiquem por aí umas migalhas de frio ou chuva, afoitas a manter-mos alguns agasalhos por precaução. A charneca verdejante convida os forasteiros a conhece-la melhor, os trilhos conduzem-nos a lugares incógnitos, é mais ou menos estarmos a seguir as palavras de uma história, os caminhos são (...)
17.Mar.23

O silêncio surpreendido ...

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A leitura em voz alta, partilhada à mesa, embrulhada nos novelos de linhas coloridas, progride noutra aldeia.  A mesma história com outras pessoas estimula as mesmas emoções, puxa as memórias arrumadas nas gavetas do labiríntico compartimento mental. O enredo de mão em mão à roda da mesa destaca-se, o silêncio surpreendido por ser também ouvido na pausa de um parágrafo, num ponto final ou na mudança de uma linha de palavras. A magia daquele que escreve em quem lê é (...)