A chuva colheu de surpresa as aldeias da minha terra, a biblioteca ambulante. As histórias pulam de alegria, o calor sumiu-se, as palavras lêem-se melhor, não ficam fatigantes aos olhos dos leitores. A leitura torna-se agradável e dilui-se facilmente num momento prologando num dia de férias. A chuva bate levemente na biblioteca ambulante para não assustar as histórias, quer entrar, não quer fazer desaparcer as letras. A rua não tem pessoas, transitam os automóveis, (...)
Reunida num centro, a história agarrou o pequeno leitor, prendeu-o com palavras. Deixou-o imerso no enredo, ao redor, as brincadeiras, a liberdade inocente, os gritos e sorrisos, rasgados das outras crianças. Não conseguem desorientar o leitor, montado nas letras, avança, cada palavra, completando as frases, como quem está habituado a fazer percursos literários. No exterior do receptáculo mágico o tempo não para, os segundos, os minutos continuam aproximando-se da hora. O (...)
A manhã desenrolou-se debaixo da sombra das árvores, no recinto ameno da instituição "Meninos da floresta", lendo histórias para os que sentem atracção pela leitura em voz alta. Houve quem lesse num recanto, abraçando de um modo íntimo a história. Partilhasse segredos com os personagens, participasse nas mesmas aventuras. Outros deambulavam no espaço, a brincar, a palavra mais importante da escola, diferente de todas as outras, nas viagens e andanças. A pequena horta (...)
A sombra da tília, o lugar onde brota água, o jornal, a biblioteca ambulante, que não se vê. O espaço público embelezado pelo mural, expressando actividades rurais, ofícios e tradições das gentes da aldeia de Martinchel. Uma pequena extensão onde cabe o mundo, os leitores, felizes, as histórias, felizardas, pelo préstimo às pessoas da aldeia. No lado oposto, a estrada que não dorme, o trânsito automóvel em ambos os sentidos não dá descanso ao silêncio. Necessário para (...)
Dar início ao primeiro dia nas viagens e andanças pelas aldeias da minha terra, desta semana, na biblioteca ambulante, cheia meninos, a começarem os primeiros passos entre as linhas. Palavras gigantes, ilustrações de encher os olhos, exploram os caminhos das letras, tentando desbloquear partes difíceis de transpor. Fantasiando o que vêem nas páginas, descomunais, nas suas pequenas mãos, soletram, empurram com o dedo a história para atingir o final rapidamente. De tarde surgiram (...)
A nuvem de poeira persegue o tractor a fresar a terra, assim como o passado não deixa para trás as memórias. Partilhadas sempre que uma história é lida em voz alta para uma plateia atenta, seguindo o destino das palavras soletradas. A terra ao redor das aldeias da minha terra, transformou-se num mar de palha, cheio de ondas amarelas, de experiências anteriores, manifestando-se à tona do tempo. A expressão no rosto das mulheres, torna-me dependente, sujeito a biblioteca ambulante (...)
A manhã tem o diabo entranhado, talvez tenha caído do céu, ande a castigar almas nos meandros do rio, nas viagens e andanças. Em Rio de Moinhos, há quem arrisque a desafiar o sol abrasador, pena, não serem leitores em direcção à biblioteca ambulante. Alguns deles vão surgir de um momento para o outro, não será o forasteiro, Lúcifer, que os impedirá de saírem de suas casas. Estão protegidos pelas histórias, armas defensivas, que agarram a malícia, personificada no sol, (...)
Terminaram as diferenças na temperatura nas aldeias da minha terra, de manhã, de tarde, de noite, o calor mantém-se agressivo. Aguardo leitores na aldeia do Tubaral, estiveram outros, noutra aldeia, ao início das viagens e andanças desta semana. Irão ser dias extenuantes, no ar paira um odor a sardinhas grelhadas, o som de um gato a miar também é audível. Os sentidos do viajante das viagens e andanças estão alertados para o que aí vem no resto do dia. Saborear umas sardinhas (...)
Nas aldeias da minha terra, o verão não é o mesmo, verão, onde se bebe limonadas, ou saboreia gelados, a vermos o mar. Aqui, existem oceanos de floresta a lamberem praias, plantadas de hortaliças e legumes. A terra ajuda, dá berço às sementes e plantas. Cava-se a terra para alimentar, não se constroem castelos de areia para desabarem debaixo das vagas trazidas pelo movimento dos ventos ou marés. O vento nas aldeias da minha terra, traz, a fúria dos homens, o fogo, destruidor (...)
Há pouco, no Mercadinho da Fonte, mini-mercado, também local de encontro das gentes da aldeia de Sentieiras para dois dedos de conversa. A conversa hoje sobre os javalis entusiasmava-os, como os caçavam, a macieza das suas carnes, as hortas que assaltavam para se alimentarem dos legumes. Os jornais pousados no pequeno balcão, próximos da caixa registadora, de vez quando, um deles passava por lá, lendo rapidamente. Os títulos, são os mais apetecidos, embora desacelerassem a (...)