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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

22.Mai.23

A barreira dos primeiros tempos ...

historiasabeirario
O regresso da chuva retirou força aos  grãos microscópicos, companheiros azucrinantes nas viagens e andanças, aos quais tenho muita hipersensibilidade. Vou ter assim um dia calmo relacionado com as alergias, no resto, os leitores, os empréstimos as visitas à biblioteca ambulante vou esperar e ver o que acontecerá. No Vale de Açor os preparativos para a festa nos primeiros dias do próximo mês prosseguem a bom ritmo, soube por um leitor que é a primeira após alguns anos de (...)
11.Abr.23

Uns gostam, outros nem por isso ...

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Algumas nuvens aproximam-se empurradas pelo vento frio, não prometem chuva, mas podiam puxar os leitores ao encontro da biblioteca ambulante. Um deles não virá, foi a uma consulta médica segundo a sua mulher, atenciosa veio informar o viajante das viagens e andanças da impossibilidade do Gregório. Acrescentou que a leitura da história cativa temporariamente na sua casa não estava terminada, um conforto para ela, que trouxe a notícia. O vento continua a soprar, com ele veio uma (...)
31.Mar.23

Lembrar os desatentos que são capazes de decidir ...

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A nebulosidade acompanhada de alguns chuviscos não promete que possa acontecer a leitura da história com as pessoas da aldeia do Souto. O palco está pronto a ser usado para quem quiser aproximar-se da biblioteca ambulante e ouvir, Obrigado, uma história de vizinhos, escrita por Rocio Bonilla.  Somente os pássaros se ouvem na primavera adormecida, o cheiro libertado pelas flores silvestres também chega empurrado pela amena aragem, faltam as pessoas para ficar tudo perfeito. De um (...)
22.Mar.23

A imaginação de cada um ...

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As nuvens mancharam o céu azul, o mestre entornou um monte de tristeza nesta tarde de primavera. Alastrou-se pelo horizonte adiante, o aparo da sua caneta a escrever o destino do universo quebrou-se, o borrão estragou o pano. Há momentos em que o pintor inspirado desenha nuvens insinuando formas, figuras conhecidas, alegra-me observar estas representações expressivas. A imaginação de cada um decifrará a ilustração, o importante é analisar, ler. Assim estão a comportarem-se os (...)
03.Mar.23

Estão nisto num pedaço ...

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Lá fora o sol está queimoso, cá dentro o calor da leitura provoca risos e choros. A história desenrola o novelo de palavras, de mão em mão as linhas vão preenchendo pontos, lugares ocupados por memórias arrumadas. As palavras lidas em voz alta chegam a esses sítios intímos, as linhas são boas condutoras, conduzem despertadores de sentimentos, alertam desatenções, pequenos pormenores. A hastezinha de aço não para, puxa a linha atrelada, pica, pica, pica, sem se cansar, as (...)
06.Jan.23

Quem está a escrever ...

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O ar está impregnado de fumo, não se vê mas o cheiro não engana ninguém. O frio obriga os aldeões a  armarem as lareiras, e as salamandras com lenha, logo que se levantam às primeiras horas do dia. Ainda as brasas do dia anterior não arrefeceram já as chamas voltam a dançar, só assim se consegue manter as casas quentes no inverno. É iminente que a chuva está próxima, olhar para o céu é como ver uma página rasurada, a tinta azul que traça a abóbada por cima de nós mal (...)
09.Nov.22

Estranhei estas criaturas ...

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Vi uma raposa atravessar a estrada, uma seta disparada pela besta de Guilherme Tell não levaria mais velocidade. Acabou por se camuflar após entrar na charneca, não há vinhas, muito menos uvas às quais possa retirar alimento, a amizade com a cegonha terminou, surgiu não sei de onde, ou assumiu-se como um corpo visível em movimento, escapada de uma história. Então sou eu que estou num qualquer universo fictício, daqueles usados nos romances. Um mundo imaginário  conduzindo a (...)
20.Out.22

Gente que não se reconhece ...

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A chuva não abrandou, o rio de palavras continua enredado pelas aldeias da minha terra, afortunados são aqueles que a recebem. Aos poços que a recolhem, a água não lhes faltará, cheios, reflectirão as palavras que estão por ler, histórias mal contadas, vidas amarguradas pelo trabalho excessivo no campo. Rostos marcados pelo sol, mãos fendidas acostumadas à suavidade das páginas das histórias que os equilibram dos direitos que não lhes são atribuídos. Gente que não se (...)
03.Out.22

Tem sido assim o trabalho ...

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A corrente afiada impulsionada por um motor ensurdecedor no limite do desempenho não se cansa de rasgar a lenha seca. O braço longo de ferro, da máquina pesada, retira pedaços enormes da camada amontoada de troncos  que foram árvores  para os colocar junto dos homens que os reduzirão ainda mais, transformando-os em lenha para as lareiras. Tem sido assim o trabalho nas última semanas a dispor com antecedência da energia renovável e sustentada. Na estrada não é difícil de (...)
08.Ago.22

Darão colheradas saborosas de leitura...

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Na aldeia das Bicas a temperatura está como a água na panela para a sopa. Os leitores e as leitoras  trouxeram os ingredientes para o caldo de letras, misturados, mexidos e temperados darão colheradas saborosas de leitura. As palavras e as frases serão engolidas sem insistência, o contrário acontecia quando éramos pequenos, as mães segurando a colher cheia, contando histórias para abrirmos a boca. Mas as histórias pedem mais tranquilidade, as letras não se esgotam na (...)