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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

14.05.25

No campo, cheio de flores amarelas


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Os campos amarelos, são minas de ouro à superfície, mais, do que propriamente flores dançando ao vento. De uma riqueza natural, atraindo o olhar de quem passa, as flores amarelas podem ornamentar, em forma de arco semicircular a cabeça das mulheres. As aldeias da minha terra, as rainhas, das viagens e andanças. As pessoas, os leitores, todos os que queiram ver, cheirar e sentir, as pétalas. As folhas florais que compõem, a história para levar para casa, não para colocar numa (...)
23.04.25

Montado na biblioteca ambulante, escudado ...


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    No tempo em que Filipe II de Espanha ou Filipe I de Portugal, no período em que a corte se instalava em Tomar, talvez, Cervantes tivesse percorrido o território das aldeias da minha terra, após ter navegado na principal estrada fluvial da Península Ibérica, o rio Tejo. Ou pode não ter acontecido assim, pois na imaginação do autor, na loucura do cavaleiro fidalgo, nas aventuras com o seu fiel companheiro Sancho Pança, não menciona na sua obra, não  percorreram as terras (...)
03.04.25

Vai ser um pacto entre nós ...


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A roupa, de feitios diversos, camisolas, calças, saias, vestidos; com ligação muito forte às pessoas, desiguais no tamanho, estão espalhadas pela superfície da mesa. Continuam expostas, penduradas em cabides na porta traseira aberta da carrinha, no interior colocadas em caixas de cartão, bem organizadas. Caso se esgotem os exemplares que estão à vista, na carrinha há um armazém, onde a vendedora recorre caso seja necessário. Sorrateiro, aproximei-me da mulher, não parava de (...)
17.03.25

Deram-me o nome do rei da selva ...


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A erva molhada causa-me um transtorno enorme, a pastora pôs-me a mexer do lugar onde dormia, mergulhado na palha. Orientei as ovelhas, um trabalho cada vez mais exigente para a minha idade, são teimosas, corro de um lado para o outro, encaminhando-as para o rumo certo. Na direcção do prado a estrear de erva macia, um sítio bom para continuar a dormir, não fosse a chuva molhar o meu pêlo até aos ossos. Deram-me o nome do rei da selva, aqui não há floresta densa, há uma charneca, (...)
25.02.25

São apenas reparos, ...


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O vale é uma página aberta a pedir que compareçam na biblioteca ambulante, a escreverem na terra as palavras que darão resultados. Consequências da leitura, do amadurecimento das pessoas que não viram as costas às histórias. O sol impõe-se lentamente, perante as ameaçadoras nuvens negras que não desistem de o apagar. São apenas reparos, nunca deixaram de avaliar, a escrita, as observações, a crítica mordaz. São ondas no céu, tripulantes perspicazes na demanda das (...)
24.09.24

Os aguaceiros estão de passagem, ...


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Os aguaceiros estão de passagem, limpam as memórias que o vento deixou. Trazem apontamentos novos, ficou para traz uma página, lê-se outra e mais outra, vamos andar nisto até o tempo se cansar de nós. A tasca do Ti Zé e a mercearia com o mesmo nome, na aldeia da carreira do Mato, encerraram de vez. Talvez aguardem por outro contrato para transferirem a propriedade a outro interessado. Num lugar pequeno como este o fecho de ambos os estabelecimentos, isolou ainda mais a aldeia. A (...)
05.09.24

Separa os filhos da terra ...


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O ar fresco varre o vale, leva a companhia, traz a solidão. Separa os filhos da terra, puxa, o isolamento, o medo, o ruído do silêncio. Em breve, as folhas das árvores começarão também elas a serem levadas pelo vento, deixando estas despidas, arrefecem as mulheres e os homens no vale. Nos dias curtos, dos próximos meses, há uma árvore resistente às intempéries do inverno. Na biblioteca ambulante, as sua folhas nunca se despedem dos ramos que as prendem. Os leitores cativam as (...)
11.07.24

Um silêncio demasiadamente ...


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Anda ao redor da biblioteca ambulante, a ler o que está escrito na carroçaria, devagar aproxima-se da porta grande, a que permite o acesso ao novo mundo. Convidei-o a entrar, não quis, disse-me que não gostava de ler, questionou-me, é funcionário do município, respondi, sou bibliotecário ambulante. Entre, venha ver as histórias, insisti, voltou a negar, não gosto de ler, frisou. Está desconfiado, não ande, eu nas aldeias, a dar banha da cobra em vez de literatura.  Frequentou (...)
25.06.24

Uma história inundada ...


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Amanheceu, sem se ver indistintamente o sol, a temperatura está a anos luz da que se fez sentir ontem com ausência de compaixão, pelo viajante das viagens e andanças, e pelos leitores. Em Alferrarede Velha, depois de uma leitora ter estado a escolher histórias, apareceu repentinamente uma mulher, tinha-a visto a pintar o muro exterior da casa da leitora, referida atrás. Bom dia jovem, disse ela, presenteando-me com uma voz alegre, e um sorriso do tamanho do mundo. Não aparentava (...)
29.05.24

Não há pior piedade ...


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Outra árvore está a tomar a defesa da biblioteca ambulante do sol, desta vez coube a uma anoneira, em Alferrarede Velha. Originária do Peru e Equador, o seu fruto é bastante nutricional, rico em água, com uma óptima fonte de fibra, vitaminas e minerais. Tal e qual a árvore do conhecimento, a biblioteca ambulante a proteger as pessoas, os leitores, na sombra das páginas das histórias, da impossibilidade ou falta de capacidade para lerem. Não há pior piedade do que a ausência (...)