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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

06.11.25

As nuvens são viajantes sem tempo ...


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As nuvens são viajantes sem tempo, passam sobre a biblioteca ambulante aceleradas, sem rumo, navegam no céu das aldeias da minha terra. Ultrapassam os limites do território onde as aldeias e as suas gentes lêem histórias. Aceitam, habituaram-se a viver em comum com a biblioteca ambulante, alguns frequentam-na, são os leitores. Sempre que esta se demora na aldeia, gostam de compreender as palavras escritas nos livros. Na boleia destes objectos, percorrem o mundo inteiro, olhando (...)
05.09.25

A terra onde foi plantada, o ...


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O céu não é transparente, não mostra a cor azul, o brilho do sol é mais suave, a temperatura aguenta-se. A faculdade criadora não é a melhor, no viajante das viagens e andanças, os dias com contornos incertos, não trazem nada de novo. Não têm condimentos para gerarem ideias, estão em lume brando, não passam disso, é necessário apurar através dos acontecimentos, dos leitores, das pessoas, das histórias. Só assim o estrugido alcança o sabor, a partir deste ponto, o tacho (...)
19.08.25

Fugiu pelas linhas acima ...


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O vento deu asas aos leitores, a última vez que foram vistos, misturavam-se nas páginas das histórias. Metendo-se dentro dos enredos, a compartilharem aventuras, sentindo emoções ao mesmo tempo que os personagens, criados pelos escrevedores de histórias. Entretanto, um deles deixou ficar a Saudade, a sua melhor amiga, à qual estava bastante ligado. No entusiasmo de aproveitar as asas que o vento trazia, na curiosidade de fazer parte de uma história, não se lembrou da Saudade. (...)
10.07.25

Não conseguem desorientar ...


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Reunida num centro, a história agarrou o pequeno leitor, prendeu-o com palavras. Deixou-o imerso no enredo, ao redor, as brincadeiras, a liberdade inocente, os gritos e sorrisos, rasgados das outras crianças. Não conseguem desorientar o leitor, montado nas letras, avança, cada palavra, completando as frases, como quem está habituado a fazer percursos literários. No exterior do receptáculo mágico o tempo não para, os segundos, os minutos continuam aproximando-se da hora. O (...)
25.06.25

Os jornais pousados no ...


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Há pouco, no Mercadinho da Fonte, mini-mercado, também local de encontro das gentes da aldeia de Sentieiras para dois dedos de conversa. A conversa hoje sobre os javalis entusiasmava-os, como os caçavam, a macieza das suas carnes, as hortas que assaltavam para se alimentarem dos legumes. Os jornais pousados no pequeno balcão, próximos da caixa registadora, de vez quando, um deles passava por lá,  lendo rapidamente. Os títulos, são os mais apetecidos, embora desacelerassem a (...)
05.05.25

Quando ambos chegam é ...


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As gotas de água não chegam ao mesmo tempo, batem no vidro grande da biblioteca ambulante, uma de cada vez. Os leitores também não entram no espaço das histórias juntos, um de cada vez, sobe, pelo degrau improvisado (obra notável do ofício de carpinteiro), para se reunirem a perscrutar. Pode acontecer, assim como sucede com a chuva, períodos de ausência, uma seca, para o viajante das viagens e andanças, para os solos, agricultura, e barragens. Quando ambos chegam é uma (...)
02.05.25

Todos os dias se recomeça ...


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Hoje, o Rodrigo veio comigo ao passado, a «Manta de Histórias» está a ter o seu início na aldeia de Casais de Revelhos. Veio memorizar digitalmente histórias, acontecimentos marcantes na vida das mulheres da aldeia. São regressos embaraçados, ou mesmo descontrolados. Viajar no tempo, aterrar no período em que alguma coisa se fez, a acontecer outra vez, agora, na memória. Puxada da gaveta, do novelo. A linha desliza unindo as experiências das mulheres, as tristezas, alegrias, (...)
11.04.25

Não há leitores suficientes para ...


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O mundo a desabar, as convicções e os costumes que determinam a estrada pela qual seguimos, estão fora do controle. A qualquer momento enfrentamos despistes, condutores que deixaram a condução dos ensinamentos adquiridos para segundo plano. A velocidade em que vivem, a ultrapassarem tudo e todos, sem respeitarem os sinais das experiências vividas. Vive-se o presente, imediato, sem ponderação, assume-se notícias falsas como forma correcta de argumentar seja o que for. Não há (...)
25.03.25

O jornal ficou sozinho na mesa ...


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A leitura do jornal absorve o homem, ao mesmo tempo, o sol lhe aquece-lhe os pés enregelados do frio matinal. A biblioteca ambulante estacionada um pouco mais acima, testemunha a leitura do aldeão que nunca entrou no espaço das histórias, mas aceita sempre o jornal colocado pelo viajante das viagens e andanças na mesa. Não é preciso impor a leitura, só é necessário seduzir com os títulos bombásticos da imprensa escrita, depois ausenta-se a ler sem parar. Enquanto ali (...)
06.03.25

A leitura impermeabiliza-os do ...


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A chuva  não permite a transmissão do testemunho do inverno para a primavera, na corrida de estafetas das quatro divisões do ano.  Condicionando o regresso dos leitores, o crescimento dos legumes e hortaliças nas hortas. As raízes apodrecem com excesso de água, os leitores afogam-se na incerteza, na molhadela das histórias, nas palavras a diluírem-se na chuvada. É tudo imaginação do contador de histórias, as mensagens estão protegidas na biblioteca ambulante, os leitores (...)