Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

06.05.25

Procuram alguma migalha, ...


historiasabeirario

A temperatura mais elevada entrou juntamente com a tarde. Na aldeia da Concavada, a primavera está rodeada pelos odores das flores, pelos pássaros que não param de rodear a biblioteca ambulante. Procuram alguma migalha, talvez palavras soltas, necessárias aos pintos, uma vez que a maioria das pessoas não as procuram, não lêem. O sol brilha no largo do café, vigiado sob o olhar sério do poeta António Botto, representado no mural homenageando o autor, nascido na aldeia. Nas (...)
06.05.25

O gato preto vai na rua ...


historiasabeirario

Gamos numa quinta a ruminarem enquanto observam intrigados a biblioteca ambulante, sem se assustarem. Comentam entre uns e outros, consigo ouvir o que dizem, se não haverá histórias protagonizadas por animais. se há narrações com animais da sua espécie. Poderiam saltar a vedação, entrarem na biblioteca ambulante. Os sussurros chegam aos meus ouvidos com bastante curiosidade. O viajante das viagens e andanças, não ficaria aborrecido, talvez fosse a primeira vez que animais (...)
14.04.25

Não há nada melhor ...


historiasabeirario

As férias escolares estão aí, a chuva abriu-lhes a porta, o mais estranho é a ausência de jovens, o desinteresse destes na permanência da biblioteca ambulante, nas suas aldeias. Os pais destes serão leitores, adquiriram alguma vez rotinas de leitura, houve algo semelhante nas suas vidas. Talvez, a obrigatoriedade escolar lhes impusesse leituras, pouco mais terá sido a experiência exploratória nas histórias. São objectos raros nas casas, ou do outro mundo, à vista de todos, (...)
26.03.25

Os leitores são espiões ...


historiasabeirario

A primavera abraçou a tarde com habilidade, os leitores não se lembram da biblioteca ambulante estacionada, esperando-os impaciente no largo, na aldeia da Concavada. Há quem caminhe pelo largo ansioso, atrasado, para algum compromisso, pela roupa vestida, está em horário de trabalho, os pingos de tinta seca nas calças, na camisola, dizem que é pintor na construção civil. Entrou no café, talvez uma bica, ou uma mini fresca, momento motivacional para o resto da tarde no trabalho. (...)
07.03.25

O afluente de lágrimas ...


historiasabeirario

A força súbita e intensa do vento abana a biblioteca ambulante, as histórias balançam, as mais volumosas desequilibram-se, caiem no chão, o barulho do impacto é audível no largo da aldeia da Concavada. Os gritos de aflição dos personagens das histórias misturam-se com as conversas das pessoas no café, com as lágrimas dos que estão à entrada da casa mortuária, unida à igreja. A chuva não deixa ninguém indiferente, com os guarda-chuva abertos  saem do café os restantes (...)
07.03.25

A roda de meninas e meninos ...


historiasabeirario

As nuvens ameaçadoras não impedem os leitores mais novos de virem à biblioteca ambulante lerem em voz alta. De repente, o silêncio calou-se para ouvirmos as palavras, arrancadas aos soluços, sem obstáculos, pairam no ar, bailando, na direcção dos nossos ouvidos adentro. A roda de meninas e meninos apertou com força aquelas palavras, largadas pela voz corajosa, perante tão importante plateia. A biblioteca ambulante torna as coisas mais fáceis, acessibilidade gratuita, viajarem (...)
18.11.24

Explorarem léguas de páginas ...


historiasabeirario

A neblina dissipou-se, abrindo o caminho aos raios solares para entrarem no território das aldeias da minha terra, através das portas da biblioteca ambulante às histórias. Esclarecendo os transeuntes, os leitores sobre o espaço que têm ao dispor, da possibilidade de encontrarem caminhos novos. Explorarem léguas de páginas,  conhecendo os alicerces da imaginação, montes e vales de palavras proferidas por personagens desejosos de serem encontrados pelos leitores. Perceberem a (...)
29.10.24

O que é o comer?


historiasabeirario

O que é o comer? Foi, é com menos frequência, a maneira de viver das gentes da aldeia do Pego. Através da comida conquistaram as pessoas do território das aldeias da minha terra, dos forasteiros que nunca deixaram de passar a língua regaladamente nos pratos, sem complicações de confeccionar. É um livro, para além de ser um receituário de sabores, é a história da alimentação, dos ofícios, das tradições, das pessoas da aldeia do Pego. Antes que a oralidade se esgote de (...)
03.10.24

Umas farripas de água ...


historiasabeirario

O sol continua oculto sob a camada impenetrável de nuvens cinzentas, manifestando a intenção a qualquer momento de não susterem a água acumulada. A primeira hora no segundo período do dia, trouxe mais brilho, o som estrondoso de uma porta a bater, sobressaltando os personagens das histórias, e o viajante das viagens e andanças. A mulher saiu disparada, de acordo com o movimento desajeitado do andamento, falando sozinha. Sei lá o que irá proferindo com os botões da bata que (...)
16.09.24

Os gritos alegres são mísseis de ...


historiasabeirario

O ar quente espalha as primeiras folhas, os papéis dispersos pela rua adiante,  os segredos que deixaram de os serem, no largo da escola, na aldeia do Pego. Faz subir a biblioteca ambulante, um balão de cor amarelo e branco, a voar sobre os campos, as aldeias da minha terra. Lá em baixo, junto ao fontanário, uma bicicleta, e um homem a colocar livros na caixa de plástico apoiada numa base, atrás do assento. A biblioteca ambulante paira sobre o largo, observa as crianças a (...)