O verão, como está hoje de manhã, nem muito frio nem muito quente, deveria prosseguir neste grau de aquecimento até à chegada do outono. As viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra não seriam marcadas pelo abuso da força da temperatura do sol. Mas, recomendadas às pessoas, seguindo a biblioteca ambulante, irem aos lugares onde esta permanece, nas aldeias. O bibliotecário respiraria, livre, do peso da temperatura elevada. Da quantidade de água libertada pelos (...)
Um homem montado na sua bicicleta abranda a marcha ao aproximar-se da biblioteca ambulante. Até agora foi a única pessoa na aldeia do Souto a percorrer a rua. Apesar de travar a celeridade, não chegou a parar, olhou as histórias fugazmente, deixou-se ir, aproveitando a inclinação da rua, quando esta alcança o coreto da aldeia. Levantou-se cedo, sobre a mesa da cozinha uma caneca de café esperava-o, fumegando, a bandeira de xadrez agitando-se para o início de um dia activo. A (...)
As nuvens esfregam os olhos, para não deixarem cair lágrimas, na aldeia do Souto voltou a usar-se agasalhos, a roupa de bem estar, e de protecção do frio. Como podem as palavras serem guarnecidas de asas para voarem sobre a aldeia. As nuvens baixas, comprimem, a faculdade de inventar histórias, a decisão dos leitores de saírem à rua. Nela, movimentam-se para se dirigirem ao mini-mercado, atravessar a rua, clarificarem ideias, sachar a terra nas hortas. Na direcção da biblioteca (...)
As nuvens andam nas aldeias da minha terra, são claras, batidas em castelo, a envolverem as oportunidades com o auxílio da biblioteca ambulante. A batedeira usada para bater os ingredientes, as comunidades. Num copo fundo de boca larga, onde podem entrar mensagens, sonhos, paixões, dramas, informação abrangente; as palavras misturam-se as doces e as amargas, ao sabor de qualquer leitor. Deixam-se arrefecer, tiram-se das formas páginas de letras, e colocam-se histórias em (...)
As nuvens são vagas no céu, a rebentarem nos meus olhos, o mar está agitado, as histórias a areia onde os leitores molham a curiosidade. O pior já passou, foram momentos de muita ventania com chuva e vento à mistura nos últimos dias. A temperatura obriga-nos a vestir roupa de verão, as portas abertas na biblioteca ambulante permitem que a escassa corrente de ar penetre, que os leitores avistem as palavras espreitando por detrás das brochuras. Com muita vontade de embeberem a (...)
O sol conseguiu demover as nuvens que pairavam teimosamente em cima da aldeia do Souto. O brilho abriu a porta, encaminhou um pequeno grupo de mulheres para o meio da rua, a conversa entre elas ecoava pela aldeia. Quando se afastaram foi a vez de ouvir os pássaros iniciarem um concerto no coreto da aldeia, a música melodiosa é dirigida pelas asas do vento agradável. Este é interrompido pelo som do relógio da torre sineiro a bater as onze horas, os músicos no coreto desapareceram (...)
Há mais automóveis estacionados na aldeia, modernos, alguns usados pela primeira vez na visita à aldeia, nas férias. Há pessoas novas na rua, falam com um tom de voz mais elevado. São protagonistas durante os dias de descanso, nas casas dos avós, dos tios, nas casas fechadas... Após o regresso das famílias no verão, abrem-se portas e janelas, para deixarem sair as histórias da última vez que a usaram. O cheiro peculiar dos espaços não arejados também desaparece. Sai a (...)
Na aldeia do Souto a manhã caminha sozinha, não vejo pessoas na rua, de mãos dadas com a aragem fresca, no sítio onde as histórias estão abrigadas dos raios do sol. Há que aproveitar ambas, daqui a pouco o calor vingará quem ousou partilhar os primeiros momentos do dia com o frescor matinal. As histórias não vão ficar na aldeia para sempre, voltarão quando o mês de Agosto for dividido, com a chegada dos que estiveram de férias, por aqueles que as iniciarão precisamente (...)
A claridade persiste frouxa após o raiar do dia, depois da viagem até à aldeia do Souto. A rua deserta, com vestígios da queda da chuva durante a noite, não traz as pessoas ao ponto mais importante da aldeia. O local onde estão as histórias, a igreja, e o coreto. O conhecimento, a religião, o estrado erguido no pequeno largo. A cultura, e tradição, unidas como as amigas íntimas. O empenho dos antepassados da aldeia, a resiliência da biblioteca ambulante, a olharem a rua que (...)
Dentro da aldeia, próximo da mercearia, vejo um homem a sair desta, apoiando com uma das mãos metade de uma melancia. A maneira delicada a transportar o fruto, pôs-me a imaginar como seria a trazer histórias à biblioteca ambulante. Frutas originárias das ideias dos escritores, de tamanho variável, entre o grande e o pequeno. De formato rectangular, com casca lisa de cores diversas e fina, ou rugosa e grossa. Têm uma polpa muito suculenta, geralmente branca, embora possam surgir na (...)