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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

20.Abr.23

Voltam sem qualquer embaraço ...

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Os estudiosos da meteorologia prevêem precipitação para amanhã e sábado, observando o céu não vejo qualquer sinal disso. As crenças populares transmitidas oralmente fazem-nos acreditar na possibilidade de acontecer pluviosidade. Os sintomas corporais, uma dor nas costas, na perna, ou uma porta da nossa casa, sem mais nem menos começa a ranger ou a fechar com dificuldade, tenho o exemplo do som do apito do comboio. Bastante afastado, da minha habitação,  percorrendo a linha (...)
31.Mar.23

Lembrar os desatentos que são capazes de decidir ...

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A nebulosidade acompanhada de alguns chuviscos não promete que possa acontecer a leitura da história com as pessoas da aldeia do Souto. O palco está pronto a ser usado para quem quiser aproximar-se da biblioteca ambulante e ouvir, Obrigado, uma história de vizinhos, escrita por Rocio Bonilla.  Somente os pássaros se ouvem na primavera adormecida, o cheiro libertado pelas flores silvestres também chega empurrado pela amena aragem, faltam as pessoas para ficar tudo perfeito. De um (...)
23.Fev.23

Letras atiradas às folhas...

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  Na aldeia do Souto o frio e a chuva propagados ainda não chegaram, o sol  envolve a aldeia, o azul  do céu é uma auto-estrada a perder de vista. A primavera continua a manifestar-se nos pequenos pormenores. Os leitores ausentes pela força maior de manterem as hortas perfeitas, sem ervas invasivas, canteiros alinhados, geometrias desenhadas com o apoio das alfaias agrícolas rudimentares. Arquitectos primitivos desenhando mentalmente e construindo estruturas onde as plantas se (...)
03.Fev.23

As duas foram alvos ...

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A buzina da carrinha do padeiro chamou as mulheres que surgiram do nada. Não sei se foi magia, mas a presença destas segurando os sacos nos quais o padeiro mete o pão fresco estavam mesmo à minha frente no largo, onde a biblioteca ambulante permanece e o padeiro espera pelas clientes. São os trilhos do pão, este alimento apareceu há muitos anos atrás, antes da escrita acontecer, das cidades se erguerem. Depois vieram os caminhos do pão  moldados por mercadores, por guerreiros, (...)
17.Jan.23

Deixou saudades ...

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As rajadas do vento sacodem a biblioteca ambulante, na Atalaia, aldeia altaneira onde a vista se estende até mergulhar nas águas do rio Zêzere na albufeira do Castelo do Bode. Só com abundantes roupas a cobrir o corpo se consegue percorrer as poucas ruas da povoação, é o que usam as pessoas na aldeia da cabeça aos pés. O sopro do vento dobra as árvores de tal maneira que as copas não desistem de tocar no chão, estão assim de um lado para o outro sem conseguirem enfrentar o (...)
09.Dez.22

Ideal para histórias empolgantes ...

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As aldeias a norte do território, situadas entre os rios Zêzere e Tejo, continuam na obscuridade, cenário ideal para histórias empolgantes, daquelas em que o cansaço durante a leitura tarda ou nunca surge. O filme ou a história da biblioteca ambulante, personagem secundária a percorrer caminhos no centro da névoa, da floresta tanta vez transformada em espectro, técnica utilizada na indústria do entretenimento, uma película onde as pessoas têm os papeis mais  valiosos, (...)
18.Nov.22

A luz do sol atravessou um ...

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A manhã está deprimida, o silêncio esfriou, a luz do sol atravessou um trecho de chuva que caía. Um momento mágico a insinuar o casamento das histórias com os leitores. O namoro vai longo está na altura de se completarem, alguns há muito que sonham com a chuva e o sol ao mesmo tempo, vincularam-se  para sempre. Estão dependentes das histórias e da biblioteca ambulante, as duas juntas são exemplos como o do fenómeno natural, ligadas a perpetuar saberes através da magia das (...)
31.Out.22

As palavras entram ...

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A chuva que está desabando na estrada podiam ser palavras, uma compilação de escrita, de oralidade. Simultaneamente a neblina não consente muita visibilidade, mais parece um mata-borrão a estancar a água escorrendo em todo o lado. Esta torrente tem um sentido, formam-se palavras apressadas, as próximas ou incompatíveis umas com as outras, todas galgam a charneca aos trambolhões na mesma direcção. Todas querem chegar umas à frente das outras, uma corrida desenfreada para (...)
12.Out.22

São estas e os vendedores ...

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Somente o sol parece ser presença assídua nesta manhã, a luz que irradia enche o largo na aldeia, criando figuras no alcatrão quando os raios são interceptados pelos cabos aéreos. Linhas que cruzam, levam e trazem palavras amarradas, aldeias caladas, amedrontadas pela solidão. Há sempre um momento que escapa ao afastamento, a hora exacta em que ouvem a buzina ensurdecedora da carrinha que traz o pão, imediatamente saem de casa na direcção do padeiro, de olhar ligeiro e (...)
06.Set.22

São nadadores olímpicos...

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A primeira semana de Setembro trouxe vestígios de chuva, o Outono a querer afirmar-se naquele que está a ser um ano privado de água. Não passa de uma pequena indicação, as terras continuam secas, só as nuvens cruzando o céu não são as mesmas. Aproximam-se e fogem logo, brancas, cinzentas, unidas na cor não deixam cair uma pinga de água. A circunstância feliz são os homens da escrita, cujas canetas nunca deixaram de libertar a tinta que enche a torrente de palavras que vai (...)