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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

28.05.25

Cres.ser nas histórias da BIA


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Um tractor abastecido da alfaia agrícola, avança lentamente, arrastando as ervas por onde passa, puxando-as com força pelo princípio. As ervas cresceram, estão sem controle, o risco de incêndio é enorme, há que preparar os terrenos para receberem em segurança a violência do calor. A poeira no ar é visível quando a biblioteca se aproxima do local onde decorre o desbaste. Na passagem pela aldeia da Bemposta, há, quem ainda, termine a caiação dos muros. A festa anual da (...)
09.05.25

Continuei a voltar, até hoje ..


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A aldeia da Foz, encontrava-se localizada no fim do mundo, no meu pensamento, quando aqui cheguei pela primeira vez. Continuei a voltar, até hoje, o resultado da opinião que tinha do inicio,  não é o mesmo. O isolamento, a escassa população, sem serviços básicos, os problemas da interioridade, em tudo, semelhantes a todas as outras aldeias da minha terra. Encostada ao concelho da Chamusca, é uma porta, para uma  grande extensão,  da vida silvestre no Ribatejo. Caracterizada (...)
31.03.25

Perde o fio das novidades ...


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O sol brilha, os pássaros produzem sons de fazer inveja a muitas orquestras, plateias de perder a vista num pavimento verde. Espectadores são os animais, aves de espécies diferentes aplaudindo de pé a cantoria dos predestinados, enchendo os ouvidos do viajante das viagens e andanças. A primavera demonstra capacidades, dar um empurrão aos aldeões, um deles, aproximou-se da biblioteca ambulante, manuseando o telemóvel, tentando captar o wi-fi que permite o acesso à internet. Ficou (...)
12.03.25

Não há jovens leitores ...


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As lágrimas da charneca não param de correr, não sei se é alegria pelo regresso da biblioteca ambulante a percorrer a sua alma, a experimentar o mundo rural, ouvindo as suas pessoas, as histórias das aldeias. Pela tristeza dos dias vindouros, com demasiados velhos onde a prioridade do resto das suas vidas não é a leitura. Não há jovens leitores, ou seja, os que lêem na biblioteca ambulante não se distinguem. O sol nas últimas semanas também não consegue tornar-se notável, (...)
21.11.24

A lançar um perfume ...


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As cores outonais nas folhas das árvores destacam-se na manhã cinzenta, nas viagens e andanças. Assim também sobressai a biblioteca ambulante na cor da sua carroçaria, ao percorrer as aldeias da minha terra. Notabiliza-se pela carga que transporta, não é uma folha igual às outras, mas consegue voar como elas de uma ponta à outra do território à beira rio. É uma folha capaz de captar pessoas para a leitura, faz trocas de histórias com leitores. Um processo cheio de (...)
19.09.24

As nuvens ameaçam coisa ...


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As nuvens ameaçam coisa nenhuma, não sei se virão leitores, o largo em Alferrarede permite a passagem de uma aragem amena, de pessoas alheadas sem perceberem a vibração das palavras, nas histórias da biblioteca ambulante. A libertação de emoções acumulada na camada espessa de páginas sem fim. Ou as explosões que ocorrem no interior dos leitores todas as vezes que as palavras atingem o hipocentro, a alma das pessoas. Caminham apressadas, com os olhos postos no chão, como se (...)
02.09.24

Há momento em que ...


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Há momentos em que o vento levanta a voz, repreendendo o lugar, matreiro solta o cabelo às mulheres, impele e trava os que andam na rua dependendo o sentido que tomam. Agita as folhas secas no chão, fazendo-as rodopiar como as bailarinas no palco. Chama as nuvens, leva tudo à frente, está endiabrado, não o sentia assim há muito tempo. Ao contrário, estão os leitores, preguiçosos, não querem reclamar, saber das histórias novas. Desabafarem da afronta do vento a bater-lhes com (...)
13.08.24

Fiquei curioso para saber ...


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O sol enche o largo, uma clareira própria da cidade, rodeada por edifícios em Alferrarede. Com intervalos longos é atravessado por gente apressada, desinteressados na biblioteca ambulante e das suas histórias. O carteiro com o seu veículo cheio de correspondência, contas para pagar, invade o largo para estacionar defronte da entrada de um deles. Sai do interior do mesmo com uma resma de envelopes para distribuir nas respectivas caixas do correio de cada condomínio. Um dia destes (...)
08.07.24

O olhar sábio leva-a ...


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No terreno situado junto ao lugar onde a biblioteca ambulante se demora na aldeia da Foz, uma mulher colhe tomates para  dentro de um balde. O olhar sábio leva-a a escolher os que estão prontos para cozinhar, os que se envolvem com a alface nas saladas num momento de amor e  sabor, os que se golpeiam com os dentes. Um leitor quando se abeira das histórias na biblioteca ambulante atira-se igualmente com o olhar que sabe muito. Prudentemente, vai seleccionando as histórias, (...)
20.06.24

Traziam na boca, os odores ...


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O verão chega agasalhado, apoiado aos ombros traz um casaco comprido, quase até aos pés. O frio nas aldeias da minha terra continua mandrião. A leitura absorve-o, no hemisfério sul estão cansados de o solicitar, com palavras, há os que gritam do outro lado do mundo, para se apressar a apaziguar os dias endiabrados de calor. A indecisão na história, sobre o clima, assimila os seus medos e alegrias. Está inerte no leito do tempo, com os olhos fixados na história, quer saber como (...)