Outro dia, como diz a frase publicitária, «vamos para fora cá dentro», comprometido com a casa das histórias. Não paro de conferir na janela o céu da minha cidade, no jardim as crianças brincam no parque infantil, os velhos apanham o sol, aquecem os ossos mirrados de anos a fio a suportarem andamentos, movimentos e pesos de uma existência de miséria ou de abundância. As mães conversam umas com as outras, não deixando uma vez por outra de olhar para o lugar onde as (...)
Não me recordo onde estive, onde estou, sempre fui nómada, o tempo de paragem sempre foi curto. Muitos lugares, uma multidão espalhada como grãos de areia, quase nada. Continuo bambaleante, não estou ébrio, sinto-me só esquisito, espoliado, estou nu. Despido das histórias que sempre me cobriram, que me ensinaram, que me deram asas à imaginação, que me desenvolveram, que me deram um ofício. Que vaidoso eu era dando as histórias, tantas vezes nos mesmos lugares, às mesmas (...)
Sopra um vento frio, as histórias nos seus lugares apostam na união, a roçar umas nas outras, rapinam enredos mais quentes de umas para partilhar com outras mais frias, equilibrando assim a temperatura nas estantes da biblioteca ambulante. «Histórias de verão, Contos de Inverno» do escritor David Lodge; «Contos de inverno, ou Novos contos de inverno» da escritora Karen Blixen; «Verão quente» do Domingos Amaral; ou a mais recente história do escritor João Tordo, «A (...)