O início da semana nas viagens e andanças é nos arredores da cidade, o local onde a biblioteca ambulante se encontra estacionada, permite avistar as muralhas do seu castelo. Actualmente são mais os emigrantes que passam no bairro, do que os próprios naturais. Olham cheios de curiosidade as histórias, não se atrevem a entrar, conhecerem de perto os assuntos, nos quais poderiam abraçar de outra maneira a sua integração na nova realidade em que estão. Tapam o corpo com roupas (...)
A manhã iniciou-se nos Meninos da Floresta, onde se desocupa os tempos livres das crianças. Brinca-se ao ar livre, aprende-se a semear e a plantar, legumes e hortaliças. Há cozinha, elaborada com mistura de terra humedecida e de outras substâncias orgânicas, há lama por todo o lado, nas mãos, no rosto, na roupa. Não há melhor lugar para se aprender, e adquirir conhecimento. A biblioteca ambulante hoje visitou os Meninos da Floresta, a Celeste prendeu-os com uma história, (...)
O jorro de água sai com força elevando-se muito alto para atingir o mais longe possível a área de relva a regar. O vento brando, com a água aspergida tornam a tarde mais fresca, nas viagens e andanças. O cheiro da relva molhada é motivador aos sentidos do bibliotecário ambulante. Elimina possíveis ataques de torpor, na ausência de pessoas, de leitores na aldeia, excepcionalmente um automóvel, ou outro atrevem-se a sair, ou a entrar pelo casario adentro, na única estrada a (...)
O dia está com dificuldade e tomar decisões, a incerteza do tempo, as nuvens a passarem no céu, depois chega o sol, sempre cheio de energia. Encaminhará os leitores à biblioteca ambulante, será o dia portador de histórias diferentes. O bairro e tudo o que é circundante transmitem serenidade, à primeira vista não acontece nada. Os sons traem essa impressão, o choro de uma criança, uma mulher a fazer-se ouvir, automóveis que estacionam, outros que saem. As contínuas passagens (...)
A sensação de bem-estar na celebração dos cinquenta anos do 25 de Abril, parece ter sido ultrapassada. O início da semana não sofre qualquer alteração, a preguiça, os dias sem viagens e andanças, é sempre um regresso fatigante. Os leitores talvez padeçam do mesmo incómodo, até ao momento nenhum apareceu na biblioteca ambulante. No bairro onde os prédios altos, e fraccionados, as casas independentes, evidenciam um conjunto de pessoas interessantes. Não anunciam novidades, (...)
O tempo é democrático, apesar dos defeitos que possui. Nem sempre se apresenta no período exacto do seu manifesto, apesar das previsões mostrarem muitas vezes o contrário. Sermos surpreendidos pela chuva abundante logo de manhã, quando acordamos, prontos para um dia primaveril e soalheiro. Ouvirmos o ribombar inesperado da trovoada ao longe, sentindo a mesma aproximando-se zangada. Usarmos vestuário inapropriado num dia desconcertante para a temperatura prevista, que não (...)
Subitamente, dou comigo a olhar as histórias mais recentes na biblioteca ambulante, destacadas, numa posição vertical, debruçadas nas estantes para o pátio das brincadeiras. Como elas, fixo o meu olhar para o mesmo sítio, a sujidade acumulada, vestígios de terra, minúsculos grãos de areias, espalhados no recinto, despertam-me, tenho que deixar a biblioteca ambulante no final do dia, nas instalações onde se limpam e lavam os veículos. O colega responsável pelo serviço irá (...)
Foram raios de sol, os que entraram pela manhã a revirarem do avesso a neblina matinal. Espevitando o estado da prostração, estampada no rosto do viajante das viagens e andanças. Enlearam histórias, como quem liga as linhas nos bordados, retiraram outras para lerem, muita actividade junta para o início da manhã na biblioteca ambulante. Soube em segredo, do descontentamento do proprietário de um café, referente ao estacionamento da biblioteca ambulante, sempre próximo de outro (...)
O vento puxa-me, não quero ir, o arco-íris é a ponte para chegar à outra margem do rio, nas viagens e andanças. O sol rasgou as nuvens ao meio, de um lado há alegria, no outro a tristeza. Em ambos há histórias contadas, há histórias por contar, a biblioteca ambulante está cheia delas. O vento não as levou, não sabe ler, é um conquistador, leva tudo à sua frente, de um momento, para o outro, conquista o mundo. A biblioteca ambulante não é o vento, voa nas asas deste, para (...)
O nevoeiro esta manhã não motiva ninguém a sair de casa para vir à biblioteca ambulante. Só mesmo quem tem de sair, pelo trabalho, pela necessidade de adquirirem géneros alimentícios, irem à farmácia, tão comum nos dias de hoje, as vacinas, os medicamentos, inevitabilidades sem sucesso, pois continuo a encontrar pessoas a fungarem. Caminham na rua encolhidas, o frio pesa-lhes no corpo, sempre apressadas tentando escaparem às maleitas do inverno. Abri a porta grande da (...)