Os automóveis observados no retrovisor lateral da biblioteca ambulante a transitarem na auto-estrada, somem-se rapidamente, são como lermos histórias sem pregar o olho numa noite. São veículos potentes, circulam depressa, as histórias merecedoras de atenção, são lidas apressadamente, para chegarmos ambos ao destino o mais rapidamente possível. Nos primeiros a vontade de cumprirem horários, estarem nas suas cidades, em casa, após um dia de trabalho. Viajarem para o litoral na (...)
As árvores despem-se sem pudor, na sensualidade das folhas a caírem após despegarem-se daqueles que foram os embriões das suas curtas existências, espirais ao redor de uma vara imaginária, num bailado no qual os meus olhos se enamoram. A serenidade das cores acompanha a despedida tranquila destes pedaços cheios de nervuras, filamentos que transportaram vida terminam no chão frio e molhado. A agitação do vento parou, agora é tempo de colocar os enfeites de Natal no (...)
A manhã quase a chegar ao termo do crescimento e nós metidos onde todos os dias se negoceia a escolta do peixe, e da carne nos pratos das refeições. Com espaço ainda para café e bebidas frescas, sempre guiadas com boas conversas, foi o que viemos estimular. Uns estão sempre, cada vez que a biblioteca ambulante aqui permanece, apareceram outros para ouvir a leitura da história. Devagar, como se adicionassem pequenas moedas para pagar o pão, os ouvidos interiorizam as palavras, o (...)
A romãzeira assemelha-se a uma mulher da rua, encostada à casa, convida quem passa, a colher os frutos encarnados que dela descaem. Com os vestidos abertos, sem pudor expõem o que têm de mais delicioso, conquistando o viajante das viagens e andanças a esticar os braços e escolher as mais aptecíveis romãs. A biblioteca ambulante também se evidência, as portas abertas com as suas histórias, frutos de tantos escritores, esperam por quem atravessa a rua da aldeia e as (...)
Na aldeia de Mouriscas, ligada à Junta de Freguesia a biblioteca ambulante de portas fechadas, continua a fazer parte das viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra. A chuva duradoura não permite que o acesso às histórias esteja escancarado, mas não se opõe que a conquistem, se espalhem no seu espaço, toquem, leiam, vejam, ouçam a informação. Desloquem-se, comuniquem, teclando nas letras, reunam palavras, digam presente ao mundo permanecendo na biblioteca.
Portas escancaradas, uma tarde que engana qualquer um, assim permanece a biblioteca ambulante na aldeia de Casais de Revelhos. Uma criança brinca no centro de um montículo de areia, ao seu redor mulheres conversam e observam a pequena, arrancam-lhe palavras novas. A biblioteca por perto, desta vez observou, será uma aproximação? Na próxima viagem entrarão, tocarão nas histórias? Tantas palavras novas que a menina poderá aprender, ilustrações para reconhecer e conhecer, (...)
Casais de Revelhos e Mouriscas, foram os destinos nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, esta tarde com a biblioteca ambulante. A escassez de leitores jovens arrebatados pelas escolas nas suas festas de Natal, neste último dia de aulas suscitou nos mais velhos que não desampararam a biblioteca, tema de conversa em torno da época festiva. O frio começou a ser o protagonista quando o sol se despediu definitivamente, uns metros adiante o talho disputava (...)