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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

26.Mai.23

Sempre a subirem com esforço ...

historiasabeirario
A bengala ampara a estrutura física, a história um argumento portador de estímulo. A velhice não é sinónimo de interrupção, a caminhada continua a realizar-se, mais limitada indubitavelmente. Na companhia dos objectos certos, pode-se avançar no tempo, viajando, a perdurar memórias nas histórias vividas, mesmo as impressas, escritas por viajantes que nunca desistiram de percorrerem extensas planícies desertas, ou colinas de páginas brancas movendo-se pela acção do (...)
17.Abr.23

Ocultando a inocência do papel ...

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O verão é um príncipe e agora quer usurpar o reinado da rainha primavera, a história tem-nos mostrado episódios iguais com o passar do tempo. O suspeito, homem, interferente na divisão que enquadra seres e coisas, está a mudar a forma como sempre conhecemos as estações meteorológicas. A biblioteca ambulante permanece na aldeia de Sentieiras, são onze horas e vinte e dois minutos e estão trinta graus celcius no termómetro, os leitores chegam a protestar da temperatura (...)
28.Mar.23

O convite para dançarem ...

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Outro dia com as mesmas histórias a serem lidas em aldeias diferentes a norte e a sul. A ponte, estrutura importante para transpor o rio Tejo, dá acessibilidade à biblioteca ambulante, há vizinhança que habita em ambas as margens. Há sempre histórias verdadeiras para trazer, da feira anual de Alvega, dos vestidos de seda estreados por cada uma nesse dia. Arrumados nos roupeiros, não os perdiam de vista nos dias que antecediam a feira, prognosticando como lhes assentariam no (...)
12.Jan.23

Só fica encalhado ...

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O nevoeiro esconde os automóveis nos oito quilómetros da autoestrada A23 que a biblioteca ambulante percorre sempre que o itinerário reclama. Cada um transita na sua bolha sem ter hipótese de avistar os que vão à frente ou vêm na traseira, ou mesmo a superar-nos na faixa da esquerda. Com a leitura é quase o mesmo, as histórias à mão de semear em cada aldeia, e há quem caminha próximo sem qualquer curiosidade de espreitar. Vão apressados, ultrapassam sem assinalarem a (...)
26.Dez.22

Estão folgados ...

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O dia amanheceu frouxo, poucos automóveis na estrada, a ausência de pessoas nas ruas, possivelmente a recuperarem dos últimos dias de festa, receando talvez a chuva aproximando-se. Na aldeia estas hipóteses não têm pernas para andar, na exígua esplanada do estabelecimento os homens sentados estão animados, seguram as minis como quem agarra um troféu, e quanto maior for a sequência destes levantamentos direccionados à goela, mais vencedores são. Hoje não querem saber de (...)
15.Nov.22

Ralham com as histórias ...

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Podia estar a olhar a chuva que cai sem bondade, mas não é bem assim, a fotografia foi roubada ontem debaixo de um sol tímido ao início da tarde. Ao fundo a pesquisa avança vagarosamente, alguns factores a ter em consideração para a escolha acertada. Entre eles a estatura das letras, a vista há muito que perdeu dinamismo, excepto nos olhares transmitindo gratidão, e tranquilidade. Conseguem interpretar a história com passividade, a pouca intensidade da vida que atravessam (...)
26.Out.22

Histórias emergem no ...

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As azeitonas estão pretas nas oliveiras, o fumo das chaminés foi denunciado pelo odor que não deixa ninguém indiferente. A tarde amena não aguenta o fogo da lenha a arder nas lareiras, o frio não se impôs para tamanha ousadia neste outono chuvoso. Os ossos dos velhos não resistem à queda das folhas, eles e as árvores necessitam de energia, à noite a determinação da temperatura não é a mesma, persuadindo o frio a despertar. As lareiras passam a ser as rainhas das (...)
01.Set.22

A dinâmica que um jornal...

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A dinâmica que um jornal exerce em quem o lê impressiona, a leitura emparelhada, comentada em simultâneo entre o folhear teimoso das páginas sem força para enfrentar a suavidade da aragem. A leitura não lhes diz nada, as histórias nunca conseguiram atrai-los, mas o jornal, a descrição do movimento que a bola leva, a finta, o passe, o remate e o golo. É o mundo deles, ouvindo-os, percebo que são jogadores de palavras, de certezas, jogam melhor que os intervenientes do artigo de (...)
12.Ago.22

Só a resiliência de alguns leitores...

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A sombra da oliveira não se estende o suficiente para proteger as histórias da atroz temperatura do sol. Os dias nas aldeias da minha terra nesta época do ano são quase sempre infernais, só a resiliência de alguns leitores, atenuam o calor bravio. É por eles que a biblioteca ambulante consome o alcatrão das pequenas estradas que levam as histórias. Também o é pelos outros que a espreitam, ainda sem afoiteza para se aproximarem, a curiosidade é evidente. Todas as vezes que a (...)
25.Mai.22

Uma viagem no tempo...

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Mata-se a sede, exploram-se as novidades da aldeia, tudo isto a acontecer sob o olhar das histórias na biblioteca ambulante. Dispostas nos seus lugares, as histórias ambicionam que os homens se juntem no espaço onde estão, muito mais há para conversar. Aqui conseguem ir para além da aldeia que os viu nascer, partir e acolher definitivamente, tantos foram os anos afastados da mesma. Assuntos que os porão a falar uns com os outros diariamente, conhecerão pessoas, cidades, aldeias (...)