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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

03.07.25

A expressão no rosto das ...


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A nuvem de poeira persegue o tractor a fresar a terra, assim como o passado não deixa para trás as memórias. Partilhadas sempre que uma história é lida em voz alta para uma plateia atenta, seguindo o destino das palavras soletradas. A terra ao redor das aldeias da minha terra, transformou-se num mar de palha, cheio de ondas amarelas, de experiências anteriores, manifestando-se à tona do tempo. A expressão no rosto das mulheres, torna-me dependente, sujeito a biblioteca ambulante (...)
04.06.25

Duas mulheres ...


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O sol bate na biblioteca ambulante, na rua, um velho segue o traço preto, orientando-o em direcção ao Centro de Dia. Onde ficará até ao final da tarde, depois chega a noite, não vem sozinha, a solidão instala-se na casa do velho. É visita habitual, o velho não estranha, dialoga consigo próprio, com as memórias penduradas numa parede. A mulher há muito que partiu, na aldeia não tem mais ninguém, é no Centro de Dia que passa os dias, junto a outros na mesma condição. O (...)
15.05.25

Sobrevoando por cima da ...


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A biblioteca ambulante não progride nas viagens e andanças como as nuvens, vai na direcção das aldeias da minha terra, segue os futuros leitores, acompanha os leitores. Nas nuvens estão aqueles  que vêm com regularidade junto das histórias. Avançam com intuição nas histórias que lêem, há dias, ninguém os consegue seguir, noutros, não há melhor do que estarem sentados num banco, no jardim, a observarem panoramas.  As histórias são substâncias, puxam a ponderação, (...)
24.04.25

A desigualdade entre a cidade e...


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As aldeias da minha terra estão alagadas de sol, os campos estão verdejantes e repletos de flores silvestres. Há árvores a molharem os pés nos charcos, águas das ribeiras a correrem em liberdade pelos declives da charneca, a narrarem minuciosamente o património natural. São histórias, dependentes cada vez mais, daqueles que teimam continuar a violar os recursos naturais, a inutilizarem com traços as palavras. Uma reprovação desmesurada, na obra plástica, e literária. (...)
04.04.25

São água no final do furo ...


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    Regressaram as covas pouco profundas de água nos caminhos das viagens e andanças, nunca se sabe o que nos espera ao passarmos em cima destes charcos. Até um dia cair num poço sem fundo, uma viagem ao centro da terra, não será a primeira, de biblioteca ambulante nunca li, não ouvi alguém mencionar. Uma cavidade profunda aberta no caminho das histórias, de forma a atingir as nuvens, os campos de flores silvestres, as pessoas das aldeias. Um espelho de água a produzir (...)
27.11.24

O sol nos dias de pouca duração sabe...


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O orvalho não deixa espaço para o tapete verde mostrar toda a sua beleza na charneca. A terra finalmente transpira de cansaço por ter ultrapassado o calor dos meses anteriores. Terminaram os dias de suplício, regressaram os textos, as viagens e andanças pelas aldeias da minha terra, frias, rudes, como o coração dos homens, ausentes no progresso destas. As chaminés sempre a vomitarem fumo, os velhos aquecendo-se ao sol, no início dos dias, nos finais dos mesmos. Dias curtos, para (...)
21.10.24

O sumo preferido, a parte ...


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Na estrada, no destino das viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, não conseguia ver um palmo adiante do nariz. O nevoeiro denso não deixou ver a paisagem de um lado e outro da faixa de alcatrão, a rasgar a planície encaixada no vale espaçoso. Após ter ultrapassado a vasta depressão alongada, e ter transposto a charneca, plantada na elevação, é que o sol se deixou observar. A aldeia de S. Facundo manifesta indiferença ao que se passa lá em baixo, as suas (...)
25.09.24

Segui o destino com ...


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As folhas das árvores denunciam a presença do outono, cores quentes começam a despontar pela charneca adentro, as romãs penduradas nos ramos espinhosos da romãzeira aguçam o olhar do viajante das viagens e andanças. Os chuviscos irritam as pessoas, transpõem o lugar onde a biblioteca ambulante está parada, sem olharem, sem uma breve saudação às histórias. Querem sair da rua o mais rápido possível, a chuva é fraca, ainda assim mantendo-se com o intuito de molhar. Na (...)
06.09.24

nada que o vento não consiga...


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Está frio na aldeia, em S. Facundo as pessoas na rua estão a tiritar. A aragem fria obriga a aceitar um casaco para proteger os leitores na deslocação à biblioteca ambulante. Não é o caso do viajante das viagens e andanças, vestido com um pólo e umas bermudas. Apresenta uma pele de galinha, não podia exibir-se de outra maneira, estático, sentado no banco, onde recebe os que buscam histórias. O sol não responde aos que estão debaixo dos seus raios de acção. O vento frio (...)
20.08.24

Na linha que une o céu à terra


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O vento é soberano nas aldeias da minha terra, o horizonte não está totalmente aberto. Um pouco embaciado, há nuvens aqui e ali, espreguiçando-se no céu. O vento chamou-as, deram boleia aos leitores, ainda não vi nenhum hoje, nas viagens e andanças. Andam devagar no céu, está uma sobre a biblioteca ambulante, protege-a por momentos, da bola de fogo que paira no ar. É bom quando as nuvens substituem os panos de lona. O resultado de fazer a vez, é o mesmo que os leitores sentem (...)