A temperatura afável que se faz sentir neste início de semana, não tem nada de semelhante como terminou a anterior. O vestuário de verão consegue impedir as malhas do outono de dominarem por completo o corpo dos transeuntes. De manhã ainda se vêem alguns casacos protegendo o tronco, mas, só até metade da manhã, depois o verão continua no ar. Imagino a confusão instalada nos roupeiros nas gavetas das cómodas, sem se saber o que vestir logo de manhã. Sabendo que o calor vai (...)
Outro dia brilhante está na calha, o calor virá mais tarde, depois do almoço, causando o momento mais penoso. Até lá, a biblioteca ambulante aproveita a manhã moderadamente fria, os sorrisos alegres dos leitores, os gritos nervosos dos gaiatos do infantário quando entram na casa das histórias. O vai-vem do quotidiano das pessoas da aldeia. Tentam realizar o mais possível, as tarefas rurais, maquilharem as paredes dos muros, disfarçando a passagem do tempo. Encontrarem-se na rua, (...)
O largo está vivo, vozes proferidas ao mesmo tempo geram uma confusão de palavras audíveis no lugar onde está a biblioteca ambulante. O ar abafado, as histórias desapertam as folhas, evitando asfixiar as personagens, têm de sobreviver, há leitores que não leram as suas peripécias. As palavras, aflitas não querem escorrer em linhas de tinta, só por matar a sede. As emoções nas folhas têm de se manter na ordem determinada, não deve haver qualquer alvoroço, fora das (...)
Na meteorologia, o outono inicia hoje a conquista do território das aldeias da minha terra. Não vai ser fácil apressar a fuga do verão. Este último terá ainda laivos de calor, obrigando a biblioteca ambulante a fazer diligências para encontrar sombras. Traz as crianças a conhecerem histórias, a queda das palavras, folhas, ilustradas pelo tempo. As viagens nos livros causam curiosidade, falam ao mesmo tempo, a professora não tem desembaraço para responder a todos. Por ordem dá (...)
Dar início ao primeiro dia nas viagens e andanças pelas aldeias da minha terra, desta semana, na biblioteca ambulante, cheia meninos, a começarem os primeiros passos entre as linhas. Palavras gigantes, ilustrações de encher os olhos, exploram os caminhos das letras, tentando desbloquear partes difíceis de transpor. Fantasiando o que vêem nas páginas, descomunais, nas suas pequenas mãos, soletram, empurram com o dedo a história para atingir o final rapidamente. De tarde surgiram (...)
O mês de Junho está de passagem, no espaço intermédio, entre o princípio e o fim deste, conduz um acelarador de vontades, de iniciativas. Evocam-se os Santos, o solstício de verão, casam-se o sagrado e o profano. Há letras no ar, jogos de luzes bailando nas sombras da noite, palavras com sabores a sardinha, a broa de milho. Soltam-se, nos dias de muito aquecimento, ou de muito arrefecimento. Envolvendo-se num abraço ameno, fazendo regressar as pessoas aos bailaricos, às (...)
O ar quente entranha-se no interior da biblioteca ambulante, as silhuetas no horizonte assemelham-se a bailarinos dançando no céu. O som contínuo, dos dragões a sobrevoarem as histórias inquieta-me, o silvo afasta-se, regressa pouco depois, de espreitarem as outras aldeias da minha terra. Temo pelas histórias, quando sopram o fogo. Desconfio, de quem os convocou, o isolamento das terras do interior, a sobranceria dos eleitos. O contentamento, a despreocupação, caminham numa rua (...)
Ler raramente leva a maus comportamentos, o dia de ontem, foi cheio disso mesmo, nas atitudes de muitas pessoas. Aqui, a estrada (nacional nº 2) além de levar forasteiros de passagem para o sul do país, é o principal acesso, onde várias artérias rodoviárias desembocam nesta, vindas da cidade, trazendo e levando abrantinos. O que fizeram alguns automobilistas, levados pela ignorância, estupidamente puseram-se a encher os depósitos de combustível dos automóveis, num posto de (...)
O sol esplendoroso no largo do Cabrito, fez com que este esteja atestado de automóveis estacionados, por pouco, a biblioteca ambulante não tinha espaço para se acomodar. O intervalo do almoço também é aproveitado para conversar na esplanada do café, ao mesmo tempo que se bebe a bica. O calor deixou saudades, hoje, que ele voltou todos querem apanha-lo como podem, experimentar a temperatura alta, na sombra da esplanada, sentados nos degraus do acesso à entrada das suas casas. Tudo, (...)
Ontem vi uma mulher caminhando na margem contrária aquela onde a biblioteca ambulante permanecia, com flores numa das mãos. Soube mais tarde que se dirigia ao cemitério colocar as flores na pedra que cobre a sepultura do seu pai. Nas aldeias as pessoas acreditam em Deus, muitas vezes o convocam, Se Deus quiser; Valha-nos Deus; Oh! Meu Deus; Deus nos acuda; estas manifestações empregam-se muitas vezes, ouço-as nas vozes das leitoras, nas pessoas, Deus está em todo o lado, talvez, (...)