Na sombra das histórias as leitoras examinaram o pequeno compartimento onde cabem as vozes do mundo inteiro. Suprimidas na oralidade muitas delas foram na escrita que atingiram a vitalidade merecida. Olharam com atenção, pesquisando em cima, em baixo, acreditando que encontrariam as histórias que traziam escolhidas há muito. Conseguiram alcança-las, foram elas, não foi o viajante das viagens e andanças que as guiou, sabem o caminho até ao local da permanência da biblioteca (...)
A chuva vem e vai, umas vezes afável, noutras brava, interrompe trabalhos realizados ao ar livre, impede as pessoas da aldeia de saírem das suas casas. Do interior da biblioteca ambulante, o som da água a bater no tejadilho dá a ideia de que o mundo está para desabar, possivelmente não andaremos longe disso no estado actual da humanidade, mas no momento é somente chuva torrencial. No intervalo, em que a chuva foi não sei aonde, o Gregório aproximou-se, veio informar que não (...)
A chuva abundante não impediu o Gregório de comparecer na biblioteca ambulante, apressado para não submergir na água excessiva, mas necessária para dissipar o prolongado estio. O Gregório não tem falta de leitura, as palavras entram nele, como as águas do rio correm sem se deterem até ao oceano. A chuva continua a malhar na terra como há muito não testemunhava, exceptuando o leitor e as duas mulheres que finalizavam a compra de farinhas para os animais, noutro veículo (...)
Mais um pouco e o sol ascende ao seu lugar mais alto, na aldeia do Vale do Açor, o Gregório compareceu na biblioteca ambulante, nunca falta, as suas histórias preferidas são relacionadas com o período da guerra colonial. Combateu em África, um conflito armado que ainda o persegue, gosta de estar informado com as histórias dos que como ele viveram esse tempo imperfeito da nossa história. A tarde está lançada, embalada pelo vento fresco que tem momentos ásperos. A biblioteca (...)
O desalento do início do dia, não irá depreciar as histórias nos leitores mais logo nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra. Na aldeia do Vale de Açor a tarde não conseguiu livrar-se da sua tristeza, para o viajante das viagens e andanças, não se estava mal defronte da lareira, cochichando um pouco, lendo outro tanto, até se fazer noite. Mas em primeiro lugar estão os leitores e as suas aldeias, há que continuar a acreditar dando histórias com a (...)
A corrente de ar torna a permanência da biblioteca ambulante na aldeia das Bicas cheia de boas sensações, a Paulina foi a primeira, a leitura gastronómica é a sua preferida, o viajante das viagens e andanças aprende sempre algo sobre o assunto, no qual ela não tem papas na língua, os diabetes obrigam-na a cozinhar preventivamente em relação a alguns condimentos, mas não a afastam das panelas. O Nelson com a tez marcada pelas borbulhas entregou obras da 7ª arte, foi de (...)
Volto a escrever numa manhã em que me embaraço ao avistar os panoramas para além do rio, o sol erguido não se deixa ver, tal não é a densidade do fumo espalhado na extensão dos ares. Os incêndios de Vila de Rei e Mação, concelhos colados ao território das viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, continuam a libertar partículas que se soltam da combustão da madeira. Logo mais, á tarde na aldeia das Bicas, mais afastada o ar talvez seja mais leve e (...)