Os automóveis observados no retrovisor lateral da biblioteca ambulante a transitarem na auto-estrada, somem-se rapidamente, são como lermos histórias sem pregar o olho numa noite. São veículos potentes, circulam depressa, as histórias merecedoras de atenção, são lidas apressadamente, para chegarmos ambos ao destino o mais rapidamente possível. Nos primeiros a vontade de cumprirem horários, estarem nas suas cidades, em casa, após um dia de trabalho. Viajarem para o litoral na (...)
Na aldeia do Souto o frio e a chuva propagados ainda não chegaram, o sol envolve a aldeia, o azul do céu é uma auto-estrada a perder de vista. A primavera continua a manifestar-se nos pequenos pormenores. Os leitores ausentes pela força maior de manterem as hortas perfeitas, sem ervas invasivas, canteiros alinhados, geometrias desenhadas com o apoio das alfaias agrícolas rudimentares. Arquitectos primitivos desenhando mentalmente e construindo estruturas onde as plantas se (...)
O destaque da tarde nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha de terra, de hoje irá para a chuva que até agora ainda não parou de cair. A apreensão das histórias é visível, a biblioteca ambulante está preparada para se fazer à estrada, advinhando um longo período marcado pela ausência de leitores. Na aldeia do Souto, uma chuvinha que não permite ao viajante das viagens e andanças escapar incólume, não se esgota vinda de um céu escuro. Como previsto, o (...)
A terra que pisamos, a terra que nos alimenta, há muito que cobiçava aceitar a água que não se cansa de cair. Durante a noite, pela madrugada, de manhã, ininterruptamente a molhar, a encharcar, quem anda desprevenido na rua, as terras que não ficam saciadadas apesar da abundância. A neblina e os aguaceiros originaram na cidade, onde as viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, têm início e fim, uma atmosfera indefinida e densa. A calçada escorregadia (...)
Outra tarde de calor, mágoa é palavra para esquecer nos próximos meses nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, perante os dias tórridos que nunca mais acabam. O corpo habitua-se, só no início se demora a entranhar esta desordem climatérica. A biblioteca ambulante nesta Quinta Feira de Ascensão, por agora demora-se na aldeia do Souto, popularmente esta quinta feira é denominada por dia da Espiga. O costume de ir ao campo colher espiga de vários (...)
Apesar da barreira da névoa o sol consegiu posicionar-se mais alto, motivando as viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra. A biblioteca ambulante rumou à aldeia da Bairrada, pelo caminho a paisagem surpreendeu no lugar de Sentieiras do Souto onde a geada é rainha. O imenso tapete branco formado nas margens da ribeira, vazando logo de seguida no rio, mais parecia as planícies geladas do norte da europa. Após transpôr este vale apertado a bilioteca (...)